"Registámos 28 mortos e 35 feridos nos ataques de Beledweyne. A maioria dos feridos será transferida para Mogadíscio para receber tratamento médico", disse à agência de notícias espanhola EFE o governador da região de Hiran, Ali Jayte Osman.
O grupo Al Shabab reivindicou a responsabilidade pelos ataques.
O primeiro ataque ocorreu junto à base militar de Lamagalaay, um local altamente vigiado onde estava a decorrer a votação para a Câmara Baixa do Parlamento da Somália.
No segundo ataque, um carro-bomba explodiu num hotel próximo, onde estavam hospedados políticos locais e autoridades eleitorais.
Entre os mortos está a deputada Amina Mohamed, que estava nesta zona num ato campanha eleitoral para manter o seu lugar no Parlamento nas eleições legislativas em curso.
O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed Farmaajo, enviou as suas "mais profundas condolências" à família do deputado e "toda a nação somali".
A embaixadora da União Europeia (UE) no país africano, Tiina Intelmann, afirmou hoje na sua conta da rede social Twitter que "a violência não é um caminho a seguir na Somália", condenou "o terrorismo e os homicídios", e enviou suas "condolências à família da deputada Amina Mohamed".
Um ex-deputado, Ali Abdi Dhuhul, que fazia campanha para as eleições, também foi morto nestes ataques, enquanto o ex-ministro da Educação da Somália, Abdirahman Dahir Osman, ficou ferido.
Estes ataques ocorreram horas depois de um ataque contra o complexo que abriga, entre outros, os escritórios da ONU em Mogadíscio e que causou pelo menos oito mortos e 11 feridos.
Em 15 de março, a Somália falhou um segundo prazo para completar as eleições para a Câmara Baixa, por causa de tensões políticas, rixas entre clãs e alegadas irregularidades.
Em janeiro, o primeiro-ministro somali, Mohamed Hussein Roble, e os presidentes dos cinco estados federais do país concordaram em completar o processo eleitoral até 25 de fevereiro, um compromisso que não cumpriram.
A conclusão das eleições parlamentares é um marco essencial para a realização das eleições presidenciais, que foram adiadas várias vezes desde 2021, apesar de o mandato do Presidente, Mohamed Abdullahi Mohamed Farmaajo, ter expirado nesse ano.
O adiamento sistemático das eleições - que são apoiadas pela comunidade internacional, e contra a vontade do Al-Shebab - é considerado como uma distração para os problemas essenciais do país, como a luta contra o terrorismo.
O grupo que reivindicou o ataque controla as áreas rurais no centro e sul do país e quer estabelecer um Estado Islâmico 'wahhabi' (ultraconservador) na Somália.
A Somália tem estado num caos desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre, em 1991, que deixou o país sem um governo eficaz e nas mãos de senhores da guerra e milícias islâmicas, como o Al-Shebab.
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