"[Este conflito] É algo que nos afetou e não podemos aceitar esta agressão", realçou o diplomata sul-coreano, que liderou a ONU entre 2007 e 2016, sendo sucedido pelo português António Guterres.
Ban Ki-moon falava durante a convenção anual da Associação de Bancos do México, que decorreu em Acapulco, cidade mexicana na costa do Pacífico.
O antigo secretário-geral da ONU agradeceu também o apoio do México contra a invasão russa da Ucrânia.
"Espero que todos os mexicanos e todos os líderes políticos também participem nesta iniciativa", realçou.
Com o conflito na Ucrânia a ultrapassar um mês de duração, resultando em quase 3,6 refugiados e milhares de mortos em ambos os lados, Ban Ki-moon apelou à comunidade internacional para que envie "todos os esforços de solidariedade e apoio".
"Precisamos fazer o maior número possível de esforços para forçar a Rússia a interromper a invasão imediatamente e, em segundo lugar, acho que também devemos fornecer apoio humanitário a todos os refugiados e ao povo da Ucrânia", sublinhou.
O diplomata denunciou "crimes de guerra", defendendo que "muitas pessoas estão a ser aniquiladas e que há refugiados em todo a parte".
O também vice-presidente dos 'The Elders' [Os Anciãos, em português], um grupo de políticos influentes formado em 2007 por Nelson Mandela (1918-2013), pediu ainda um julgamento internacional contra o Presidente russo Vladimir Putin.
"Apelamos à comunidade internacional que estabeleça um tribunal especial para punir o Presidente Putin e qualquer um que tenha sido responsável por esta agressão inaceitável", referiu.
O México, atual membro do Conselho de Segurança da ONU, apresentou juntamente com a França uma resolução, que foi aprovada esta semana na Assembleia-geral, onde é pedida "a cessação imediata das hostilidades da Rússia contra a Ucrânia e, em particular, qualquer ataque a civis e bens civis".
A resolução obteve 140 votos a favor, cinco contra e 38 abstenções, dos 193 Estados-membros das Nações Unidas.
Votaram contra este texto a Rússia, Bielorrússia, Síria, Coreia do Norte e Eritreia, e entre os países que se abstiveram estão Angola, Moçambique, Guiné-Bissau ou China.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou, entre a população civil, pelo menos 1.081 mortos, incluindo 93 crianças, e 1.707 feridos, entre os quais 120 são menores, e provocou a fuga de mais 10 milhões de pessoas, das quais 3,7 milhões foram para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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