"Em Busha, já enterrámos 280 pessoas em valas comuns" porque era impossível fazê-lo nos três cemitérios do município, todos eles ao alcance dos militares russos, disse Anatoly Fedoruk à agência AFP, por telefone.
Localizada a cerca de 25 quilómetros de Kiev, Busha foi recentemente recuperada pelos soldados ucranianos às forças russas.
"Em algumas ruas, pode-se ver 15 a 20 corpos no chão", mas "não posso dizer quantos mais há nos quintais, atrás das vedações", continuou o presidente da câmara.
"Enquanto os desminadores não os tiverem vindo verificar, não é aconselhável apanhá-los" porque podem estar armadilhados, disse.
Segundo Fedorouk, "estas são as consequências da ocupação russa, das ações do inimigo".
A agência AFP tinha noticiado hoje que os corpos de pelo menos 20 homens com roupas civis estavam deitados numa rua em Busha. Um dos homens tinha as mãos atadas e os corpos estavam espalhados por várias centenas de metros.
As forças ucranianas só conseguiram penetrar completamente em Busha há um ou dois dias atrás. Antes disso, encontrava-se inacessível há quase um mês.
Os militares ucranianos presentes distribuíram ajuda à população pela primeira vez desde que a cidade voltou a estar sob controlo governamental.
As forças russas estão a fazer uma "retirada rápida" das regiões de Kiev e Chernigury, no norte da Ucrânia, com o objetivo de se reposicionarem a leste e a sul, disse hoje o governo ucraniano.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.325 civis, incluindo 120 crianças, e feriu 2.017, entre os quais 168 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
[Notícia atualizada às 18h32]
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