"Em conformidade com o pedido do Presidente da República da Turquia ao Presidente da Federação Russa, foi tomada a decisão de prestar assistência total na retirada dos cidadãos estrangeiros mantidos como reféns pelos batalhões nacionalistas em certas zonas de Mariupol", afirmou o chefe do centro de controlo da Defesa Nacional da Rússia, o coronel-general Mikhail Mizintsev.
Estima-se que 160 mil cidadãos vivem há mais de um mês sem serviços básicos em Mariupol, um porto no Mar de Azov que se tornou o principal alvo das tropas russas na Ucrânia devido à sua posição estratégica entre a península da Crimeia e o Donbass.
O porta-voz militar russo afirmou que a realização de "uma operação humanitária só é possível com a ajuda das autoridades de Kiev para a passagem de um comboio humanitário a partir de Mariupol, a observância rigorosa do 'regime de silêncio' [ou um cessar-fogo local], durante a retirada, bem como a eliminação da ameaça de bombardeamento", de acordo com a agência noticiosa Interfax.
Acrescentou que desde as 23:00 de sábado (hora de Lisboa), "os militares russos estão a abrir um corredor humanitário de Mariupol a Berdyansk, assegurando o cumprimento do 'regime de silêncio' na rota".
Os cidadãos estrangeiros podem ser retirados de Berdyansk por qualquer rota humanitária: por transporte terrestre para a Crimeia ou para territórios controlados pelo regime de Kiev, bem como por transporte marítimo em direções selecionadas, disse Mizintsev, de acordo com a Interfax.
"A Federação Russa está pronta a assegurar a entrada dos navios envolvidos na evacuação no porto de Berdyansk e a sua partida, de acordo com as normas do direito marítimo internacional", acrescentou.
O porta-voz acrescentou que a Rússia apela às organizações internacionais "a obrigar as autoridades ucranianas a notificar por escrito, até às 01:00 (hora de Lisboa), que estão prontas para levar a cabo a evacuação".
De acordo com Mizintsev, devem ser enviadas garantias escritas das autoridades ucranianas à Rússia, Turquia, Comité Internacional da Cruz Vermelha e Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.325 civis, incluindo 120 crianças, e feriu 2.017, entre os quais 168 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, incluindo mais de 4,1 milhões de refugiados em países vizinhos e cerca de 6,5 milhões de deslocados internos.
A ONU estima que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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