Bruxelas abre investigação para punir "perpetradores de crimes hediondos"

A presidente da Comissão Europeia anunciou hoje uma investigação da União Europeia (UE) a alegados crimes cometidos em Bucha e noutras cidades ucranianas pelas tropas russas, salientando que os "perpetradores de crimes hediondos não podem ficar impunes".

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Lusa
04/04/2022 14:52 ‧ 04/04/2022 por Lusa

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Ucrânia

A presidente da Comissão Europeia anunciou, esta segunda-feira, uma investigação da União Europeia (UE) a alegados crimes cometidos em Bucha e noutras cidades ucranianas pelas tropas russas, salientando que os "perpetradores de crimes hediondos não podem ficar impunes".

"Esta tarde falei com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre os terríveis assassínios que foram descobertos em Bucha e noutras áreas de onde as tropas russas saíram recentemente. Transmiti-lhe as minhas condolências e assegurei-lhe o total apoio da Comissão Europeia nestes tempos terríveis", afirma Ursula von der Leyen, numa declaração hoje publicada.

Vincando que "os perpetradores destes crimes hediondos não podem ficar impunes", a líder do executivo comunitário anuncia que "a UE criou uma equipa de investigação conjunta com a Ucrânia para recolher provas e investigar crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

"As imagens angustiantes não podem e não serão deixadas sem resposta", salienta.

Prevista está coordenação entre Bruxelas e Kyiv para investigar crimes de guerra e crimes contra a humanidade, no âmbito da qual a UE diz estar disponível para enviar equipas de investigação para o terreno para apoiar os serviços do Ministério Público ucraniano, nomeadamente com assistência das agências europeias de questões judiciais (Eurojust) e de polícia (Europol).

Além disso, e por ser "necessária uma resposta global", estão "em curso conversações entre a Eurojust e o Tribunal Penal Internacional para unir forças e para que o Tribunal faça parte da Equipa Conjunta de Investigação", acrescenta Ursula von der Leyen.

"Esta abordagem coordenada das autoridades ucranianas, da UE, dos seus Estados-membros e agências, e do Tribunal Penal Internacional permitirá que as provas sejam recolhidas, analisadas e processadas da forma mais completa e eficaz possível", adianta.

Garantindo que a Comissão Europeia "prestará todo o apoio técnico e financeiro necessário a todas as investigações conduzidas pela UE", a presidente da instituição conclui ter encarregado o comissário europeu da tutela da Justiça, Didier Reynders, de "acompanhar e tomar contacto com o Procurador-Geral ucraniano".

Também hoje, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, tinha anunciado que a UE iria começar a preparar, com urgência, novas sanções à Rússia, condenando "as atrocidades" cometidas pelas tropas de Moscovo na Ucrânia.

A organização dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou, no domingo, que nas zonas da Ucrânia sob controlo russo foram feitas "execuções sumárias", entre outros "abusos graves" que podem configurar crimes de guerra.

A retirada das tropas russas do norte de Kyiv permitiu ver indícios de alegadas execuções sumárias de várias centenas de civis no subúrbio de Bucha e noutras áreas.

A Ucrânia acusou a Rússia de genocídio, alegando ter encontrado os corpos de 410 civis na região de Kyiv, atualmente sob controlo ucraniano.

Na cidade de Bucha, a noroeste da capital ucraniana, cerca de 300 pessoas foram enterradas em valas comuns, de acordo com as autoridades ucranianas.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

 

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