A embaixadora norte-americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, anunciou hoje que os Estados Unidos vão procurar a "suspensão" da Rússia do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, depois de dezenas de cadáveres de civis terem sido encontrados na cidade ucraniana de Bucha.
Por sua vez, o Presidente norte-americano, Joe Biden, pediu um julgamento por crimes de guerra contra o seu homólogo russo, Vladimir Putin, e afirmou que procurará reforçar sanções, após relatos de atrocidades russas na cidade ucraniana de Bucha.
"Vocês viram o que aconteceu em Bucha", disse Biden, acrescentando que Putin "é um criminoso de guerra".
Contudo, a Rússia negou "categoricamente" as acusações de "massacre" e "genocídio" relacionadas com a situação em Bucha e anunciou uma "avaliação judicial da provocação" ucraniana.
"Rejeitamos categoricamente todas as acusações", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas, alegando que especialistas do Ministério da Defesa russo encontraram sinais de "adulteração de vídeo" e de "falsificações" nas imagens apresentadas pelas autoridades ucranianas como prova de um massacre de civis atribuído à Rússia.
Para o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os "crimes de guerra" em Bucha serão "reconhecidos como um genocídio".
Falando à imprensa numa das ruas onde foram encontrados dezenas de cadáveres de civis, nalguns casos com as mãos atadas nas costas e atirados em valas comuns, Volodymyr Zelensky garantiu que o que aconteceu "são crimes de guerra" e acusou o exército russo de ter cometido "um massacre" contra a população civil.
Entretanto, a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos defendeu que sejam preservadas todas as provas dos aparentes massacres de civis em Bucha, a fim de se estabelecerem responsabilidades.
"As informações que estão a surgir desta zona e de outros lugares levantam questões sérias e preocupantes sobre possíveis crimes de guerra e graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos", sublinhou Michelle Bachelet.
Também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma investigação da União Europeia (UE) a alegados crimes cometidos em Bucha e noutras cidades ucranianas pelas tropas russas, salientando que os "perpetradores de crimes hediondos não podem ficar impunes".
Ao mesmo tempo, a União Europeia (UE) vai começar a preparar, com urgência, novas sanções à Rússia, anunciou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, num comunicado em que condena "as atrocidades" cometidas pelas tropas russas na Ucrânia.
O Presidente francês mostrou-se hoje favorável a que a UE decrete novas sanções contra a Rússia, nomeadamente sobre o carvão e o petróleo, depois da descoberta de centenas de corpos civis na região de Kiev.
Invocando a situação em Bucha, o Governo alemão declarou 40 diplomatas russos da embaixada de Berlim "persona non grata", instando-os a deixar o país.
De acordo com um comunicado da diplomacia alemã, os diplomatas russos visados são pessoas que "trabalham dia a dia contra a nossa liberdade e contra a nossa coesão social", representando um regime de "incrível brutalidade", como ficou provado pelas imagens de crimes de guerra cometidos na cidade ucraniana de Bucha.
Também a França vai expulsar 35 diplomatas russos "cujas atividades são contrárias aos interesses" do país, revelou hoje fonte próxima do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
"Esta ação faz parte de uma abordagem europeia. A nossa principal responsabilidade é sempre garantir a segurança dos franceses e europeus", pode ler-se num comunicado de imprensa divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Hoje, a Lituânia também já tinha anunciado a expulsão do embaixador da Rússia e o encerramento do consulado russo na cidade lituana de Klaipeda, em resposta às ações militares de Moscovo na Ucrânia.
Em retaliação contra estas medidas punitivas e contra o aumento de sanções económicas, o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto que restringe a concessão de vistos para os países da União Europeia (UE), além da Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, devido às suas "ações hostis" contra a Rússia.
As autoridades ucranianas reabriram vários corredores humanitários para retirar cidadãos de áreas cercadas e bombardeadas pelo exército russo, especialmente da cidade de Mariupol, no sul, e na região de Lugansk, uma autoproclamada república soberana reconhecida pela Rússia.
A invasão russa da Ucrânia já fez pelo menos 3.527 vítimas civis, incluindo 1.430 mortos e 2.097 feridos, a maioria das quais atingidas por armamento explosivo de grande impacto, indicou hoje a ONU.
No relatório diário de vítimas civis confirmadas desde o início da ofensiva militar russa na Ucrânia, a 24 de fevereiro, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) contabilizou, até às 24:00 de domingo (hora local), 121 crianças entre os mortos e 178 entre os feridos.
O número de refugiados da Ucrânia para países vizinhos atingiu as 4.215.047 pessoas, de acordo com o mais recente balanço do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR).
Os novos dados representam um aumento de quase 40.000 pessoas em relação ao número apresentado no domingo pelo alto-comissário para os Refugiados, Filippo Grandi.
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