Reino Unido apoia saída da Rússia do Conselho de Direitos Humanos da ONU
A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, prometeu hoje "não descansar" até levar a Rússia a julgamento por crimes de guerra na Ucrânia e defendeu que Moscovo "não tem lugar" no Conselho dos Direitos Humanos da ONU.
© Lusa
Mundo Ucrânia
"Não vamos descansar até que estes criminosos sejam levados à justiça" no Tribunal Penal Internacional, disse Truss, numa conferência de imprensa em Varsóvia, após um encontro com o homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba.
Truss acrescentou que, depois dos "crimes terríveis" cometidos pelas forças russas na Ucrânia, o país "não tem lugar" no Conselho de Direitos Humanos da ONU, tal como havia afirmado esta tarde a embaixadora norte-americana nas Nações Unidas.
As autoridades ucranianas denunciaram a descoberta de mais de 400 corpos de civis nas ruas de Busha, nos arredores de Kyiv, enterrados em valas comuns ou nas ruas e abandonados em edifícios, tendo alguns sido encontrados amarrados ou mutilados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou no domingo a Rússia de cometer "genocídio" na Ucrânia, depois de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter denunciado o que descreveu como "massacre deliberado".
A ministra britânica reivindicou que o Reino Unido foi um dos primeiros 41 países a denunciar as atrocidades na Ucrânia ao Tribunal Penal Internacional (TPI), questão sobre a qual está trabalhar "muito de perto" com o governo ucraniano.
Truss defendeu o reforço da abordagem "dura" para com o presidente russo, Vladimir Putin, "para garantir que ele perde na Ucrânia e que possamos ver uma retirada total das tropas russas e a posição da Ucrânia fortalecida na mesa de negociações".
"Não se deve falar em levantar sanções enquanto as tropas de Putin estiverem na Ucrânia e a ameaça de agressão russa pairar sobre a Europa", vincou.
Durante a conferência de imprensa desta tarde, a ministra anunciou um fundo de 10 milhões de libras (12 milhões de euros) para apoiar organizações da sociedade civil na Ucrânia, incluindo aquelas que ajudam vítimas de violência sexual.
Na terça-feira, a chefe da diplomacia britânica tem previsto um encontro em Varsónia com o homólogo polaco, Zbigniew Rau, a par de visitas a organizações de ajuda aos refugiados ucranianos.
No final da semana irá viajar até Bruxelas para uma visita à NATO.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.430 civis, incluindo 121 crianças, e feriu 2.097, entre os quais 178 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de dez milhões de pessoas, das quais 4,1 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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