"As condições materiais nunca estão reunidas, num país como São Tomé e Príncipe, com enormes desafios, em termos materiais e financeiros, quer em termos de recursos humanos, sabemos que é uma grande responsabilidade e que será partilhada no âmbito de todos nós", disse hoje o chefe de Estado são-tomense, após um encontro com o seu homólogo português, no âmbito da visita de Estado que realiza a Portugal.
Antes, Marcelo Rebelo de Sousa tinha declarado o "apoio total" de Portugal "à próxima presidência da CPLP de São Tomé e Príncipe" a partir do próximo ano, declarando tratar-se de "um grande momento" para a organização lusófona.
"É uma ação conjunta, como disse e bem" o Presidente português, sublinhou Carlos Vila Nova, recordando que na CPLP "as grandes decisões, felizmente, são tomadas por consenso".
"Se São Tomé e Príncipe tiver de servir a CPLP, fá-lo-á", declarou, acrescentando: "É uma questão que teremos de ver entre todos".
Vila Nova agradeceu "o empenho e a confiança que Portugal deposita em São Tomé e Príncipe neste quadro".
No final de fevereiro, o Presidente de São Tomé e Príncipe tinha afirmado, em entrevista à Lusa, que o país não tem atualmente condições para assumir a presidência da CPLP, em 2023, remetendo uma decisão final para breve.
"[O assunto] não está fechado porque São Tomé e Príncipe ainda não decidiu", afirmou o chefe de Estado são-tomense, sobre se o país assumirá a presidência rotativa da organização em julho de 2023, sucedendo a Angola.
Vila Nova destacou que esta é uma missão "de envergadura, de amplitude", que implica "coordenar os destinos de vários países congregados numa comunidade".
"Neste momento, as condições internas do meu país não o permitem", considerou, ressalvando que os restantes países-membros da CPLP já garantiram que iriam prestar "colaboração total".
"É uma questão que a seu tempo nós tomaremos a decisão que convier à comunidade - é verdade, mas sobretudo -- a São Tomé e Príncipe, porque nós não queremos assumir uma presidência que depois não estaremos à altura de exercer na plenitude ou de assumir completamente este desafio para o bem de todos", afirmou.
Vila Nova remeteu uma decisão para "dentro da maior brevidade".
Na conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em julho em Luanda, a decisão sobre a próxima presidência da organização foi adiada, com o argumento de que estavam em curso eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe.
Em setembro, após uma reunião informal dos chefes da diplomacia dos Estados-membros da CPLP, o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Augusto Santos Silva, declarou como uma "boa notícia" o "acordo" que se obteve durante uma reunião informal de ministros da CPLP, em Nova Iorque, de que a presidência da organização lusófona ficará a cargo de São Tomé e Príncipe, após o mandato atual de Angola.
O secretário-executivo da organização, Zacarias da Costa, declarou que, após o ato eleitoral, em 17 de setembro, o próprio Presidente de São Tomé e Príncipe manifestou "vontade de São Tomé poder assumir a presidência rotativa da CPLP em 2023 -- 2025".
A Guiné-Bissau também assumiu interesse em assumir o cargo em 2023.
A CPLP é constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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