"Guerra na Ucrânia é um dos maiores desafios para a ordem internacional"

O secretário-geral da ONU falou em possíveis "crimes de guerra" na cidade ucraniana de Bucha e exortou o Conselho de Segurança "a fazer tudo o que estiver ao seu alcance" para travar o conflito.

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Sara Gouveia
05/04/2022 15:37 ‧ 05/04/2022 por Sara Gouveia

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ONU

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, alertou o Conselho de Segurança, esta terça-feira, em Nova Iorque, que a invasão da Ucrânia pela Rússia é um dos maiores desafios "por causa da sua natureza, intensidade e consequências".

"A guerra na Ucrânia é um dos maiores desafios de sempre para a ordem internacional e a arquitetura de paz global, fundada sobre a Carta das Nações Unidas", referiu. Acrescentou ainda que esta poderá impactar mais de 1,2 mil milhões de pessoas em todo o mundo, com a subida de preços de alimentos, bem como gerar crises sociais e desestabilizar politicamente países.

"Como Secretário-Geral das Nações Unidas, é meu dever chamar a atenção do Conselho para os graves danos causados à economia global, particularmente para pessoas vulneráveis e países em desenvolvimento. (...) Já estamos a ver alguns países passarem da vulnerabilidade para a crise e sinais de grave agitação social", continuou.

Guterres criticou também a divisão da comunidade internacional em lidar com o conflito e repetiu o alerta de que crimes de guerra podem estar a ser cometidos na Ucrânia. "Exorto o Conselho a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para pôr fim à guerra e mitigar o seu impacto, tanto sobre o povo sofredor da Ucrânia, como sobre as pessoas vulneráveis e países em desenvolvimento ao redor do mundo", salientou.

"Estamos a lidar com a invasão total, em várias frentes, de um membro das Nações Unidas, Ucrânia, por outro, a Federação Russa - um membro permanente do Conselho de Segurança - em violação da Carta das Nações Unidas, e com vários objetivos, incluindo o redesenho do fronteiras entre os dois países", disse.

Sobre o massacre de civis em Bucha, o secretário-geral defendeu que seja aberta uma "investigação independente". "A guerra levou a uma perda sem sentido de vidas, uma enorme devastação em centros urbanos e à destruição de infraestruturas civis. Nunca esquecerei as imagens horríveis de civis assassinados em Bucha e apelo, desde já, a uma investigação independente para garantir uma responsabilização efetiva", declarou na reunião.

"Também estou profundamente chocado com testemunhos pessoais de violações e violência sexual que agora estão a surgir", confessou, sublinhando que "o Alto-Comissário para os Direitos Humanos falou de possíveis crimes de guerra, graves transgressões do direito internacional humanitário e sérias violações (...) dos direitos humanos".

Recorde-se que centenas de civis mortos foram encontrados em Bucha, uma cidade a 60 quilómetros de Kyiv, espalhados na rua, nalguns casos com as mãos amarradas atrás das costas e atirados para valas comuns, tendo as autoridades ucranianas e os seus aliados acusado os soldados russos de terem cometido esses crimes quando ocuparam a cidade. Moscovo rejeitou qualquer responsabilidade e disse tratar-se de uma encenação.

[Notícia atualizada às 16h20]

Leia Também: Vai demorar "décadas" a remover minas e explosivos, avisa Guterres

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