Zelensky compara situação no país com o bombardeamento de Guernica

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, comparou hoje, num discurso por teleconferência no parlamento espanhol, a situação atual na Ucrânia com a vivida na cidade basca de Guernica em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola.

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Lusa
05/04/2022 18:27 ‧ 05/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

"Estamos em abril de 2022, mas parece que estamos em abril de 1937" quando Guernica foi bombardeada, disse Zelensky no seu discurso, que foi seguido pelos deputados e senadores espanhóis numa sessão plenária no Congresso dos Deputados (câmara baixa do parlamento) através de videoconferência e com legendas.

Zelensky tem feito referências específicas a acontecimentos e situações históricas em diferentes países nos seus discursos aos diversos parlamentos em que tem feito intervenções à distância, a fim de mobilizar os deputados para apoiar a Ucrânia face à invasão russa.

As autoridades ucranianas acusam os soldados russos de massacrar civis, o que Moscovo nega, acusando as autoridades ucranianas de terem encenado a situação.

O bombardeamento de Guernica foi um ataque aéreo contra a população civil desta cidade basca em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, pela força aérea nazi com a ajuda de aviões italianos em apoio dos militares "nacionalistas" que se opunham ao Governo de esquerda da Segunda República Espanhola.

Noutra parte do seu discurso, o presidente ucraniano lançou um apelo para que sejam aprovadas sanções mais fortes contra a Rússia e para que as empresas espanholas deixem de fazer negócios naquele país, tendo feito uma referência à Porcelanosa, uma multinacional que vende principalmente azulejos e louças para sanitários.

"Como podemos permitir que os bancos russos tenham lucros enquanto torturam pessoas? Como podemos permitir que as empresas europeias façam lucros enquanto destroem o meu país?", perguntou Zelensky, numa intervenção em que também participou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, acompanhado de todos os seus ministros.

Por seu lado, Pedro Sánchez assegurou a Volodymyr Zelensky que o seu país poderá contar com o apoio de Espanha no seu caminho de transformação para se tornar parte da União Europeia (UE) no futuro.

O chefe do executivo recordou que a Ucrânia já apresentou o seu pedido de adesão à UE e salientou que o país faz parte da família europeia, não tendo dúvidas quanto ao resultado do processo de adesão.

A Rússia tem cometido "crimes de guerra que não podem ficar impunes", continuou Sánchez, salientando "o exemplo de dignidade" de Zelensky e condenando "com a maior determinação" esta guerra do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, contra a Ucrânia.

"Uma guerra ilegal e injusta", considerou o primeiro-ministro espanhol que apoiou a "independência e a integridade territorial" da Ucrânia e apelou a Putin "para que se sente na mesa das negociações e ponha fim à guerra".

Uma palavra ainda para os milhares de refugiados ucranianos que têm chegado a Espanha, para quem Madrid irá, garante, continuar a colocar "os recursos necessários para os receber"

O governo espanhol anunciou hoje que decidiu expulsar 25 diplomatas e pessoal da embaixada russa em Espanha, alegando que estes "representam uma ameaça à segurança" do país e como sinal de rejeição das ações das tropas russas na Ucrânia.

Com esta decisão, a Espanha segue o exemplo de vários países europeus que consideram a atividade dos diplomatas e do pessoal da embaixada russa contrária aos "interesses de segurança" nacionais.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.480 civis, incluindo 165 crianças, e feriu 2.195, entre os quais 266 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Ucrânia: Reino Unido vai propor ao G7 mais sanções contra a Rússia

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