Os desenhos de bandeiras ucranianas e pombas brancas numa sala de aula improvisada em Atenas, na Grécia, retratam a realidade de crianças que fugiram da guerra na Ucrânia devido à invasão russa ocorrida a 24 de fevereiro.
Os trabalhos manuais dos mais novos, através de uma linguagem simples e clara, são partilhados três dias por semana num pequeno apartamento na capital grega que agora funciona como escola e refúgio tanto para dezenas de jovens ucranianos como para as suas mães.
"Fazemos arteterapia, que é mais confortável para as crianças. Não é preciso falar, apenas mostrar", explicou a professora e psicóloga ucraniana Regina Nasretdinova.
Nasretdinova revelou que o trabalho que mais a chocou foi o de um menino, de sete anos, que desenhou soldados ucranianos a matar o presidente russo. "Perguntei-lhe: 'Porquê desenhar Putin? Porque que não desenhas outra coisa?" questionou. "Porque ele roubou a minha infância e a minha vida normal", respondeu a criança.
Embora o país queira auxiliar, assim como muitos voluntários, a verdade é que as dificuldades apertam. Uma escola onde eram dadas aulas de vários idiomas a crianças gregas, serve agora de abrigo para mais de 40 estudantes refugiados. Três dos professores são também refugiados a tentar ter alguma normalidade após terem sido obrigados a deixar o seu país.
"É muito difícil. A minha alma está desfeita", disse Yulia Maksymova, antiga professora na cidade de Odessa e agora na Grécia, que viajou apenas com a filha, de 10 anos, visto que o marido, tal como os outros homens, ficou na Ucrânia para se juntar à defesa territorial. "Mas estou feliz por poder ajudar as crianças", acrescentou.
Segundo a Reuters, desde fevereiro, mais de 1,5 milhão de crianças fugiram da guerra na Ucrânia, sendo que na Grécia um terço dos 16.000 refugiados ucranianos são crianças.
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