"Se Moscovo pretende demonstrar estar pronta para o diálogo, deve reduzir o seu grau de hostilidade", declarou na rede social Twitter um conselheiro do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Mykhailo Podoliak, um dos membros da delegação ucraniana envolvida nas discussões em curso com a Rússia.
Previamente, a Rússia tinha deplorado que a Ucrânia tenha "apresentado ao grupo de negociadores um projeto de acordo no qual é evidente que recua nas suas disposições mais importantes determinadas em 29 de março em Istambul".
"Esta incapacidade que se repete de não conseguir garantir um acordo negociado demonstra as verdadeiras intenções de Kyiv, a sua linha destinada a eternizar ou mesmo fazer fracassar as negociações, rejeitando os compromissos que foram encontrados", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.
Segundo referiu o representante russo, no texto das propostas elaboradas na Turquia, a parte ucraniana excluiu a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, das garantias de segurança e integridade territorial exigidas por Kyiv. No novo documento hoje apresentado, essa parte foi retirada.
No entanto, indicou Lavrov, a Rússia "prossegue o processo de negociações", numa referência ao seu projeto de acordo, mas sem revelar o seu conteúdo.
Após um mês e meio de guerra, as discussões prosseguem entre a Rússia e a Ucrânia, mas ainda sem a aproximação concreta das posições entre os dois países, uma condição prévia a um processo de paz.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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