Há três décadas que a Rússia não passava por um momento tão conturbado como o atual, devido às sanções impostas pelas nações ocidentais como resposta à invasão da Ucrânia. Quem o diz é o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, que, apesar de tudo, assegura que as tentativas de isolar o país das restantes economias mundiais falharão.
“Sem dúvida que a situação atual na Rússia é a mais difícil em três décadas”, disse o responsável esta quinta-feira, em declarações perante a Duma (a câmara baixa do Parlamento), citadas pela Reuters.
“Estas sanções nem sequer foram usadas nos tempos mais sombrios da Guerra Fria”, acrescentou, referindo-se às penalidades aplicadas à Rússia pelas nações do Ocidente, numa tentativa de desescalar a ofensiva militar daquele país na Ucrânia.
Antes das sanções, a Rússia esperava um excedente orçamental de 1.3 bilhões de rublos (cerca de 15.031.455.309 euros) para este ano, equivalente a 1% do produto interno bruto. Contudo, na conjuntura atual, Mishustin revelou que o país aplicará todos os ganhos em ajudas estatais.
Na verdade, a Reuters aponta que o governo russo prometeu um bilhão de rublos (cerca de 11.474.660.000 euros) destinado ao apoio às empresas e prestações sociais, assim como a famílias com crianças, sendo que 250 mil milhões (cerca de 2.868.665.000) serão gastos nas ferrovias russas.
Além disso, a Rússia introduziu medidas de retaliação às sanções ocidentais, que impedem que os investidores estrangeiros vendam os seus ativos, caso decidam abandonar o país. Será também possível nacionalizar os ativos nestes casos.
“A produção deve continuar, porque gera empregos. Os nossos cidadãos trabalham lá”, justificou Mishustin, recordando que, como as empresas ‘em fuga’ estão a transferir os seus títulos de produção para as companhias russas, há novas oportunidades de negócio à vista.
“O nosso sistema financeiro, a força vital de toda a economia, está a resistir”, assegurou o responsável, garantindo que o “mercado de ações e o rublo estão a estabilizar”.
“Duvido que qualquer outro país pudesse ter resistido a isto. Nós conseguimos”, sublinhou.
Recorde-se que a Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia a 24 de fevereiro, matando pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e ferindo 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e a ONU calcula que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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