Ucrânia. Bielorrússia exige participar nas negociações sobre a "guerra"

O Presidente da Bielorrússia, principal aliado da Rússia, exigiu hoje participar nas negociações sobre a "guerra" na Ucrânia, utilizando um termo que foi banido por Moscovo.

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Lusa
07/04/2022 16:16 ‧ 07/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia/Rússia

A Rússia designou a sua ofensiva de "operação militar especial" e proibiu, designadamente aos 'media', a utilização dos termos "guerra" ou "invasão", que podem implicar pesadas penas de prisão.

O Presidente Alexandre Lukashenko, cujo país acolheu em finais de 2014 e início de 2015 as conversações de paz que resultaram nos Acordos de Minsk I e Minsk II, ultrapassados pelo atual conflito, e permitiu o estacionamento de tropas russas no seu território nos meses prévios à invasão militar de 24 de fevereiro, considerou ter direito a associar-se ao processo negocial.

"Consideramos esta situação como uma guerra e que decorre à porta do nosso país. Terá sérias consequências na situação na Bielorrússia. É por isso que não deverá existir um acordo nas costas da Bielorrússia", insistiu durante uma reunião do seu conselho de segurança.

Segundo referiu, Moscovo "compreende" esta posição, mas não o ocidente, que praticamente não mantém relações com Minsk devido à repressão interna das manifestações da oposição em 2020 e à sua aliança com a Rússia.

A Ucrânia não pretende que Minsk participe na mesa das negociações pelo facto de o exército russo ter desencadeado a sua ofensiva em direção a Kiev a partir de território bielorrusso.

Moscovo nunca referiu pretender incluir Minsk nas conversações, enquanto Lukashenko sempre desejou ser tratado em situação de igualdade, e quando durante duas décadas a sua política externa oscilou entre o ocidente e o Kremlin.

Para Lukashenko, após a "guerra virá o tempo do renascimento e da reconstrução". E segundo afirmou, o ocidente aproveitará para despojar a Ucrânia das suas riquezas.

"É necessário promover a harmonia entre os seus. Há muito que o refiro, os três povos eslavos [russos, bielorrussos e ucranianos] devem, atentando ao que se passa no mundo, sentar-se à mesa e entenderem-se. De igual para igual", frisou.

A Bielorrússia é alvo de pesadas sanções económicas devido ao seu desempenho na ofensiva russa, medidas que atingem uma economia muito dependente da Rússia e estrangulada por anteriores vagas de represálias económicas ocidentais.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Kremlin está a voltar para a Rússia e Bielorrússia, diz o Reino Unido

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