"As imagens de Bucha, Irpin e outras regiões são inaceitáveis. Essas imagens ofuscaram as negociações", disse o chefe da diplomacia turca.
As autoridades ucranianas descobriram no fim de semana centenas de corpos com roupas civis em Bucha, a noroeste de Kiev, após a retirada das tropas russas, a quem atribuíram a responsabilidade. Algumas imagens mostram cadáveres na rua, alguns com as mãos amarradas às costas, parcialmente mutilados ou lançados em valas comuns.
O Kremlin rejeitou "categoricamente" todas as acusações relacionadas, alegando que as imagens divulgadas eram "falsas".
No entanto, "Rússia e Ucrânia parecem dispostas a voltar a encontrar-se em Istambul", assegurou hoje o ministro turco, que falou à imprensa em Bruxelas, após a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO.
A Turquia recebeu duas vezes negociações de paz entre as duas partes, em 10 de março a nível ministerial, em Antalya (sul), e em 29 de março em Istambul, mas "a atmosfera positiva que emanava foi infelizmente ofuscada", insistiu o chefe da diplomacia turca, que referiu que se encontrou em Bruxelas com o homólogo ucraniano, Dmytro Kouleba.
O ministro turco também adiantou que prosseguem as negociações com os dois países beligerantes para organizar a retirada por mar de civis de Mariupol, uma cidade no sudeste da Ucrânia que está cercada e é alvo de bombardeamentos há várias semanas.
"Estamos a conversar com as partes sobre a retirada por mar", disse, acrescentando que cerca de 30 cidadãos turcos ainda estão naquela cidade ucraniana.
Cavusoglu anunciou que iria visitar Washington no dia 18 de maio, a convite do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.
A Turquia espera ver uma solução rápida da disputa com os Estados Unidos sobre a compra de caças americanos F-16, suspensa depois de adquirir o sistema russo de defesa antimísseis S-400, apesar de ser membro da NATO.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.611 civis, incluindo 131 crianças, e feriu 2.227, entre os quais 191 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
Leia Também: "Quantas Buchas têm de acontecer para imporem mais sanções?"