Pelo menos 26 corpos foram encontrados, esta quinta-feira, nos escombros de dois edifícios em Borodyanka, nos arredores de Kyiv, conforme avançou a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova.
Em declarações à televisão ucraniana, a responsável não indicou a causa da morte, mas acusou as tropas russas de bombardear a cidade antes de tomar controlo da mesma, cita a Reuters.
Agora, após a retirada russa, as autoridades locais estão a avaliar a situação de Borodyanka que, de acordo com Venediktova, será bastante pior do que Bucha, onde foram descobertos vários cadáveres de civis.
“Borodyanka é a pior [das cidades atacadas] em termos de destruição e em termos da incerteza quando ao número de vítimas”, disse.
Segundo a procuradora-geral, o alvo do ataque aos edifícios foi "apenas a população civil", uma vez que "não existe qualquer base militar" naquela localidade recentemente recuperada pelas forças ucranianas, após a retirada das tropas russas da região de Kyiv.
Yesterday, the State Emergency Service began search operations in two out of over ten high-rise buildings in Borodyanka, destroyed by Russian air strikes.
— Oleksiy Sorokin (@mrsorokaa) April 7, 2022
Today, 26 bodies were found… pic.twitter.com/o9r6sDqNlC
Venediktova alegou ainda que os russos usaram bombas de fragmentação e lança rockets pesados que "provocam morte e destruição".
"Há provas de crimes de guerra cometidos pelas forças russas em cada esquina. O inimigo bombardeou, à traição, durante a noite, quando havia o máximo de pessoas em casa", acusou.
Recorde-se que, na segunda-feira, a responsável denunciou a situação em Borodyanka, considerando que, no final da guerra, será abordada “de forma separada” das restantes cidades.
Com pouco mais de 12 mil pessoas antes da guerra, a região fica relativamente próxima de Kyiv, a cerca de 23 quilómetros a oeste de Bucha.
À semelhança de Bucha, Borodyanka foi tomada pelos russos durante a tentativa de cerco à capital ucraniana, surgindo notícias de um ataque a um hospital psiquiátrico, com centenas de pessoas no interior. Os bombardeamentos no local tornaram difícil a retirada de civis, não se conhecendo o número de pessoas que ali permaneceram até à retirada das forças russas.
A Rússia lançou uma ofensiva militar na Ucrânia a 24 de fevereiro, matando pelo menos 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e ferindo 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e a ONU calcula que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
[Notícia atualizada às 23h19]
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