"A União Europeia deplora a decisão do Ministério da Justiça da Rússia de revogar a licença de quinze organizações amplamente reconhecidas", afirmou um porta-voz do Serviço Europeu de Ação Exterior em comunicado.
A UE salienta que "nada na atividade destas organizações, focadas na proteção dos direitos e liberdades dos cidadãos, justifica esta decisão", considerando que se trata de uma ação cínica do Kremlin, que quer "continuar a negar à população russa a sua liberdade de expressão e pensamento".
"É mais um exemplo da repressão interna que acompanha a agressão militar ilegal, injustificada e não provocada da Rússia contra a Ucrânia", referiu a UE.
O ministério russo alegou "violação da legislação atual" por parte das 15 organizações.
Quer a Amnistia Internacional quer a Human Rights Watch associaram a decisão de Moscovo com a guerra na Ucrânia, afirmando que se sucedem as tentativas de calar vozes críticas em relação à invasão russa, desde logo com a imposição de penas de prisão até 15 anos a quem protestar contra o que o Kremlin chama de "operação militar especial".
"As autoridades estão muito enganadas se acham que ao fechar o nosso escritório de Moscovo vão conseguir impedir o nosso trabalho a documentar e expor as violações de direitos humanos", afirmou a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnes Callamard.
O diretor da Human Rights Watch, Kenneth Roth, lembrou que a organização já funciona na Rússia "desde os tempos da União Soviética e continuará a fazê-lo".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.
Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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