Para Macron, o chefe de Estado russo irá manter a invasão mesmo ciente que a Ucrânia não se irá render.
Neste contexto, a cidade de Mariupol, no sudeste ucraniano, onde Exército russo está concentrado "é talvez um ponto de fixação porque é um símbolo da Ucrânia que se recusa a ceder", analisou o Presidente francês em entrevista ao semanário Le Point.
Ao concentrar a ofensiva no Donbass, Putin procura "alcançar uma vitória e promover um glorioso desfile militar em 09 de maio [na comemoração da vitória sobre o nazismo], uma data muito importante para ele e para a Rússia", acrescentou.
Macron sublinhou ainda que não acredita ser possível ao Ocidente colocar Putin numa mesa de negociações a curto prazo.
O chefe de Estado francês também justificou as inúmeras conversas telefónicas com o homólogo russo, como uma forma de saber os limites de Putin.
"Se ele não falar mais com ninguém, então não saberemos até onde ele pode ir. É uma obsessão minha e digo-lhe a toda a hora, quando se entra num ciclo de violência, é difícil de parar. O perigo é o ponto de inflexão para o irreversível", atirou.
Questionado sobre os motivos de Putin para invadir a Ucrânia, Emmanuel Macron disse acreditar que o seu "ressentimento se transformou em paranoia".
"O isolamento de Putin, desde as sanções de 2014, só tornou tudo pior. Também não se deve subestimar o papel da covid-19 (...) em muitos líderes que já estavam à beira da solidão. Ele fechou-se em Sochi durante meses, entregue aos seus pensamentos", vincou.
Emmanuel Macron referiu ainda que considera que Vladimir Putin "respeita a França e faz uma distinção com o resto do Ocidente", e realçou que a fixação do governante russo é há décadas os Estados Unidos.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de 4,5 milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.