Alemanha pede ao Mali para parar de negociar com grupo Wagner
O grupo privado Wagner continua a atuar na região, defendendo os interesses do Kremlin em África.
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Mundo Mali
A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, pediu esta quarta-feira ao Mali para parar de trabalhar com grupos armados privados russos, de modo a que seja retomado o treino de forças malianas por parte da União Europeia.
Citada pela Reuters, a diplomata também exigiu que o país realizasse eleições livres, uma promessa do governo transitório que continua por cumprir desde o golpe militar de 2020.
O apelo de Annalena Baerbock surge depois do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, ter anunciado na segunda-feira que os treinos de forças malianas seriam suspensos, dada a presença e influência da milícia armada russa Wagner na região.
De visita ao Mali, Baerbock disse que "o Sahel [região de transição entre o deserto do Saara a norte e a zona de savana a sul] e, acima de tudo, o Mali, apenas serão estáveis se as eleições não forem adiadas novamente".
"E, relativamente à situação de segurança, se os atores russos não trabalharem" no Mali, vincou a governante alemã, acrescentando que a União Europeia "não pode continuar a cooperar se não houver uma separação com as forças russas".
O grupo Wagner tem ganho notoriedade nos últimos anos, especialmente pelas suas ações militares em África. A milícia é responsável por proteger empresas petrolíferas e interesses russos em Cabo Delgado (Moçambique), no Mali, na Zâmbia, na República Centro Africana, entre outros países, entrando muitas vezes em confronto com extremistas islâmicos e forças locais.
Recentemente, o governo provisório do Mali rejeitou as forças europeias lideradas pela França e pela Dinamarca para apoiar o país a lutar contra os jihadistas locais, preferindo os serviços dos mercenários do grupo Wagner.
Desde que foi tomada a decisão, o nível de violência no Mali tem vindo a crescer consideravelmente, com os confrontos entre o governo e os grupos terroristas no país a resultarem em várias centenas de mortos e um massacre em Moura, descrito pela Human Rights Watch como o pior em dez anos.
A Organização das Nações Unidas estima que em 2021 tenham morrido 600 civis malianos por causa do conflito armado.
Moscovo continua a negar qualquer relação formal com a milícia, apesar da afinidade entre Putin e o oligarca proprietário do grupo, Yevgeny Prigozhin. Os serviços oficiais fornecidos pelo grupo Wagner são de manutenção e formação militar.
No início da guerra na Ucrânia, uma reportagem do The Times dava conta da presença de militares do grupo Wagner na Ucrânia, a combater ao lado de tropas russas, com o objetivo de assassinar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
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