Acusado dos atentados de Paris pede desculpa "a todas as vítimas"

Emocionado, Salah Abdeslam disse ainda que não se "arrepende" de ter desistido de se fazer explodir na noite de 13 de novembro.

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Tomásia Sousa
15/04/2022 15:53 ‧ 15/04/2022 por Tomásia Sousa

Mundo

Ataque Paris

O principal acusado dos atentados de novembro de 2015 em Paris e nos seus arredores, Salah Abdeslam, apresentou, esta sexta-feira, as suas "desculpas" e "condolências" a todas as vítimas e respetivos familiares.

"Apresento as minhas condolências e as minhas desculpas a todas as vítimas", afirmou, em lágrimas, o único sobrevivente do grupo terrorista envolvido nos ataques.

"Sei que temos diferenças, sei que persiste um ódio entre nós. Sei que não vamos concordar, mas peço que me perdoem", afirmou, acrescentando: "Por favor, odeiem-me com moderação".

Abdeslam, que há dois dias afirmou ter sido encarregado de detonar um cinto de explosivos num bar no 18º distrito de Paris, mas que desistiu de fazê-lo "pela humanidade", garantiu que sua atitude pode ter salvado "alguma vida".

"Eu não matei ninguém diretamente. Posso ter matado indiretamente", reconheceu perante um procurador que o acusou de ter levado três atacantes suicidas, que descreveu como "bombas humanas", ao Stade de France.

O acusado pediu para ser julgado pelas suas ações e não "pagar por todos, por aqueles que mataram no Stade de France, no Bataclan ou nas esplanadas".

Abdeslam insistiu que foi incluído no grupo de atacantes dos atentados de 13 de novembro de 2015 no último momento e que sempre manifestou dúvidas, mas acabou por aceitar pressionado pelo irmão, Brahim, e por Abdelhamid Abaaoud, o mentor dos ataques, por quem disse que se sentiu "usado".

"Se o meu irmão me tivesse dito que ia alugar carros e levar pessoas que iriam cometer ataques, eu não teria feito isso", afirmou, referindo-se às primeiras ordens que recebeu meses antes do massacre.

Abdeslam considerou as mortes de civis inocentes "injustas", mas comparou-as ao que as forças francesas fizeram na Síria durante nos ataques contra forças do grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

Apesar disso, ao contrário do que afirmou no início do julgamento, quando disse considerar-se um soldado do Estado Islâmico, considerou não ser "um combatente experiente", ao invés de outros membros do comando, que já tinham passado pela Síria.

"Não fui feito para matar. Não é humano. Mas quando inocentes são bombardeados, é desumano de ambos os lados", concluiu.

"Se eu consegui fazer o bem a uma das vítimas, já é uma vitória. É tudo o que tenho a dizer. Não quero mais falar", declarou.

Este foi o terceiro dia de interrogatório a Salah Abdeslam, no Tribunal de Assize, em Paris. O interrogatório final começou no início da noite de quarta-feira e terminou esta tarde, com perguntas por parte da defesa.

Hoje, o principal acusado dos ataques também declarou que não se "arrepende" de ter desistido de se fazer explodir naquela noite de 13 de novembro. Justificou que o fez ao ver aqueles jovens que se pareciam com ele e se divertiam junto aos bares.

O julgamento dos ataques 'jihadistas' que mataram 130 pessoas em Paris e Saint-Denis a 13 de novembro de 2015 começou em setembro e deverá terminar antes do verão.

Em novembro de 2015, a capital francesa foi alvo de vários atentados, entretanto reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que provocaram 130 mortos, entre os quais dois portugueses.

Os ataques, perpetrados por pelo menos oito terroristas, sete dos quais morreram, ocorreram em vários locais de Paris e arredores, entre eles na reconhecida sala de espetáculos Bataclan e no Estádio de França, onde decorria um jogo de futebol entre as seleções francesa e alemã.

A França decretou, na altura, o estado de emergência e restabeleceu o controlo de fronteiras na sequência daquilo que o então Presidente, François Hollande, classificou como "ataques terroristas sem precedentes no país".

[Notícia atualizada às 18h31]

Leia Também: Principal suspeito dos ataques terroristas em Paris declara-se inocente

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