"No total, mais de seis milhões de pessoas na Ucrânia lutam todos os dias para ter acesso a água potável" devido aos elevados danos provocados pela guerra nas redes de água e de energia, salientou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, em inglês), em comunicado.
Segundo o OCHA, a situação é mais crítica no leste do país, onde cerca de 1,4 milhões de pessoas já não têm água potável ao seu dispor, enquanto outras 4,6 milhões de várias zonas da Ucrânia estão com "acesso limitado" a esse recurso.
De acordo com o órgão das Nações Unidas, desde o início da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, registaram-se pelo menos "20 incidentes separados de danos em infraestruturas de água" apenas no leste da Ucrânia.
A situação é "particularmente crítica em Mariupol, onde dezenas de milhares de pessoas provavelmente estão a usar fontes sujas" de água, enquanto nas cidades das regiões de Donetsk e Lugansk mais 340 mil pessoas correm o risco de perder o acesso a água potável, uma vez que um dos principais reservatórios está em risco de secar.
"A má qualidade da água pode levar a doenças, incluindo cólera, diarreia, infeções cutâneas e outras doenças infecciosas mortais. As pessoas têm de viver aglomeradas e não conseguem seguir medidas básicas de higiene. Isto tem de ser resolvido", salientou Osnat Lubrani, coordenador humanitário para a Ucrânia.
O OCHA recordou que, há cerca de um ano, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, por unanimidade, uma resolução a determinar que todas as partes em conflitos armados têm a obrigação de proteger as infraestruturas civis, incluindo instalações de água.
"No entanto, as infraestruturas civis, incluindo as redes de água, saneamento e eletricidade, foram destruídas durante a guerra na Ucrânia, dificultando severamente o acesso das pessoas a esses serviços vitais", denunciou o OCHA.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados das Nações Unidas, que alertam para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para os países vizinhos.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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