Kyiv e Moscovo mostram vídeos de prisioneiros a sugerir troca direta

A Ucrânia divulgou hoje um pedido do líder da oposição para ser trocado por defensores de Mariupol, enquanto a Rússia mostrava dois prisioneiros britânicos a apelar a Londres para negociar a sua troca pelo mesmo deputado pró-russo.

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Lusa
18/04/2022 15:36 ‧ 18/04/2022 por Lusa

Mundo

Rússia/Ucrânia

"Quero dirigir-me ao Presidente russo, Vladimir Putin, e ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, com o pedido de ser trocado pelo lado ucraniano pelos defensores de Marioupol e seus habitantes", disse o deputado ucraniano Viktor Medvedchuk num vídeo divulgado pelos serviços de segurança ucranianos (SBU).

No vídeo sem data, o empresário ucraniano, amigo próximo de Putin, aparece vestido de preto e sentado a uma mesa, segundo a agência francesa AFP.

Viktor Medvedchuk, 67 anos, é fundador do partido pró-Rússia Plataforma da Oposição - Pela Vida, que era o maior partido da oposição no parlamento ucraniano, com 34 dos 450 deputados, antes de ser banido em março, na sequência da invasão russa.

Do lado russo, a televisão estatal emitiu vídeos dos britânicos Shaun Pinner e Aiden Aslin, alegando que foram capturados em combate na Ucrânia e pedindo ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para negociar a sua libertação em troca de Medvedchuk.

Os dois homens não disseram se são prisioneiros das forças russas ou dos seus aliados separatistas em Donetsk, no leste da Ucrânia.

A TV britânica Sky News disse que não é claro se Pinner e Aslin se expressaram livremente.

Ambos falaram separadamente, depois de terem sido solicitados para o fazer por um homem não identificado em imagens transmitidas no canal de televisão estatal Rossiya 24, segundo a Sky News.

As famílias dos dois britânicos disseram que eles não foram para a Ucrânia como mercenários ou voluntários após a invasão russa, mas que integram as forças ucranianas desde 2018.

Pediram, por isso, que sejam tratados como prisioneiros de guerra à luz da Convenção de Genebra.

Os dois foram capturados em Mariupol, a cidade portuária do leste da Ucrânia que tem estado sitiada pelas forças russas.

No vídeo divulgado por Kyiv, Medvedchuk sugere a sua troca por civis e defensores de Mariupol, o que poderá incluir os dois britânicos.

No dia em que anunciaram a sua detenção, em 12 de abril, as autoridades ucranianas propuseram a Moscovo trocar Medvedchuk por ucranianos presos na Rússia.

No dia seguinte, o Kremlin (Presidência russa) desvalorizou a proposta ucraniana, alegando que Medvedchuk não é um cidadão russo, mas sim um político estrangeiro sem qualquer relação com a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia.

Medvedchuk foi detido pelos serviços de segurança ucranianos após uma operação "excecional e perigosa", segundo Kyiv.

O deputado e empresário estava sob prisão domiciliária desde maio de 2021, depois de ter sido acusado de "alta traição" e de "tentativa de pilhagem de recursos naturais na Crimeia", a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014.

Em 26 de fevereiro, dois dias após o início da invasão russa, a polícia ucraniana notificou o seu desaparecimento durante uma visita de controlo.

Putin é padrinho de uma das filhas de Medvedchuk, considerado a 12.ª pessoa mais rica da Ucrânia pela revista Forbes em 2021, com 620 milhões de dólares (573 milhões de euros, ao câmbio atual).

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, perante a condenação da generalidade da comunidade internacional.

O conflito entrou hoje no 53.º dia, sem que se conheça o número exato de baixas civis e militares, que várias fontes, incluindo a ONU, admitem ser consideravelmente elevadas.

Leia Também: Com escalada dos ataques, Ucrânia exige corredor humanitário em Mariupol

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