O autarca de Melitopol Ivan Fedorov descreveu, este sábado, alguns detalhes sobre o seu sequestro pelas forças russas no passado mês de março.
Em declarações à agência Reuters em Roma, numa visita ao Papa Francisco, Fedorov revelou que "foram seis dias perigosos" porque entendeu que "para os russos a minha vida e a vida dos civis valiam zero".
Descrevendo a sua detenção pelas forças russas no departamento de polícia de Melitopol, Fedorov contou que "eles vieram até mim à noite com cinco ou sete soldados e conversaram cerca de quatro ou cinco horas, um diálogo difícil".
"Eles queriam fazer de mim um exemplo sobre o que aconteceria se não concordássemos com o que os russos queriam", acrescentou. Referiu também que a tortura da qual foi vítima durante os dias de sequestro foi mais "psicológica" do que física.
Justificou ainda a brutalidade do ataque na sua cidade com o facto de os soldados russos considerarem "que seriam bem-vindos [na Ucrânia], mas não foram... e por isso ficaram muito, muito zangados".
O responsável aproveitou para informar que neste momento não existe comida em Melitopol, bem como medicamentos. Além disso o governante diz que além da destruição, "mais de 200 pessoas foram sequestradas".
Recorde-se que segundo as forças ucranianas Fedorov foi sequestrado no dia 11 de março, depois das forças russas tomarem a cidade de Melitopol, que fica a oeste de Mariupol. No dia 16 de março a Ucrânia anunciou a libertação do autarca.
Nesta visita ao Vaticano, no fim de semana da Páscoa, o autarca ucraniano encontrou-se com o Papa e o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, com o objetivo de pedir que o Vaticano que interceda junto ao presidente russo, Vladimir Putin, para garantir corredores humanitários para Mariupol, que enfrenta grandes bombardeamentos.
O autarca esclareceu ainda à agência internacional, que mantem contacto regular com Melitopol, cidade na qual foi democraticamente eleito. Comunicou, da mesma forma, que convidou o sumo pontífice da igreja católica a visitar a Ucrânia porque "talvez ele possa parar esta guerra", algo que Volodymyr Zelensky também já tinha pedido a Francisco.
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