O presidente da Sérvia, um país que tem ficado do lado do Kremlin e sido um dos principais aliados da Rússia na Europa, acusou, no domingo, a Ucrânia de ser responsável pelas falsas ameaças de bomba nos aeroportos sérvios e nos aviões da Air Serbia, a principal companhia aérea do país.
Segundo a Reuters, o presidente Aleksandar Vucic disse que "os serviços de inteligência de dois países" estão por trás de recentes sustos e ameaças de bomba na Sérvia.
"Um é um país da União Europeia, e a Ucrânia é o outro", disse Vucic, sem apresentar provas.
As acusações do presidente sérvio surgem depois de mais de uma dúzia de voos da companhia nacional sérvia terem sido forçados a voltar a Belgrado ou a Moscovo após várias ameaças de bombas.
O aeroporto de Belgrado também teve de ser evacuado pelo menos três vezes
Apesar de ser candidata à adesão na União Europeia, a liderança na Sérvia tem sido muito crítica sobre a posição europeia relativamente à guerra na Ucrânia, defendendo consistentemente a posição russa - à semelhança do que tem feito, aliás, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban.
A Sérvia depende muito do gás e petróleo russo e, depois do início da guerra na Ucrânia, muitos especialistas tem apontado o governo de Belgrado como um dos palcos europeus onde a guerra poderá ter maior influência (além dos países do Báltico, da Roménia e da Moldova), dada a pendência pró-russa do governo e influência russa nos Balcãs.
O governo sérvio não impos quaisquer sanções a Moscovo e os voos e as transações económicas continuam a fluir normalmente entre os dois países.
No entanto, o país votou a favor da condenação da invasão russa nas Nações Unidas, e votou também a favor de suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos. "Vamos continuar com estes voos por princípio, porque queremos mostrar que somos um país livre e tomamos as nossas próprias decisões", justificou Vucic.
A Ucrânia já reagiu às acusações através do porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros, Oleg Nikolenko. Num comunicado citado pela agência Reuters, Nikolenko disse que as palavras de Vucic não tinham fundamento e apelou ao governo sérvio que "defenda a verdade e apoie completamente a Ucrânia na defesa dos valores nos quais a Europa democrática unida foi fundada".
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