"Cinco militares ucranianos depuseram as armas e abandonaram voluntariamente a fábrica Azovstal", onde os últimos defensores de Mariupol estão entrincheirados, afirmaram as autoridades da autoproclamada república separatista de Donetsk, não reconhecida pela comunidade internacional, num comunicado citado pela agência francesa AFP.
Numa declaração separada, na terça-feira à noite, os separatistas disseram que 140 civis tinham sido retirados da cidade.
Estas informações não puderam ser verificadas de forma independente, segundo a AFP.
O exército russo e os seus apoiantes têm tentado, há quase dois meses, tomar a cidade portuária devastada por bombardeamentos e que enfrenta uma catástrofe humana.
Os últimos elementos ucranianos que defendem a cidade estão principalmente entrincheirados no complexo metalúrgico Azovstal, um conjunto de fábricas e passagens subterrâneas.
A Rússia tem instado repetidamente os combatentes ucranianos a deporem as suas armas.
Esse ultimato foi reafirmado já hoje, depois de nenhum dos miliares ucranianos se ter rendido nas duas horas estabelecidas por Moscovo na terça-feira.
"Apesar da total irresponsabilidade dos oficiais do regime de Kiev para salvar os seus militares, as forças armadas russas, guiadas por princípios puramente humanos, voltam a oferecer aos combatentes dos batalhões nacionalistas e mercenários para cessarem os combates e pousarem as armas às 14:00 horas locais [12:00 em Lisboa]", disse o coronel-general Mikhail Mizintsev.
Moscovo vai garantir a segurança e a proteção daqueles que se renderem, acrescentou o oficial que chefia o Centro Nacional de Controlo da Defesa.
Na terça-feira à noite, um comandante das forças ucranianas em Azovstal apelou à comunidade internacional para os ajudar a sair de Mariupol, dizendo que ele e os seus homens estavam a viver os seus "últimos dias" ou mesmo as "últimas horas".
"O inimigo ultrapassa-nos em dez para um", disse Serguiy Volyna, da 36.ª Brigada da Marinha Nacional, na rede social Facebook.
"Pedimos a todos os líderes mundiais que nos ajudem. Pedimos-lhes que utilizem o procedimento de extração e nos levem para o território de um país terceiro", acrescentou, citado pela AFP.
A guerra na Ucrânia foi desencadeada pela Rússia, que invadiu o país vizinho em 24 de fevereiro. A ofensiva militar já matou quase dois mil civis em território ucraniano, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
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