"Putin está a exigir uma ofensiva precipitada para atingir os seus objetivos até 9 de maio”, constata o Instituto para o Estudo da Guerra (Institute for the Study of War - ISW) na sua avaliação diária das movimentações russas e contraofensivas ucranianas, publicada esta terça-feira.
Contabilizamos 56 dias de guerra na Ucrânia e a ofensiva entra agora numa segunda fase, com os esforços do Kremlin concentrados em Mariupol, no sul, e no Donbass, no leste.
Mariupol deverá cair. Resiste contra todas as expectativas mas o líder checheno pró-Moscovo, Ramzan Kadyrov, prevê que as tropas russas vão acabar com os últimos defensores de Mariupol e assumir o controlo total da siderurgia Azovstal, a última fortaleza ucraniana na cidade.
“As forças ucranianas continuam a defender partes do complexo Azovstal em Mariupol, mas autoridades e meios de comunicação russos estão a reunir-se dentro e perto da cidade, provavelmente em preparação para declarar vitória nos próximos dias, quer a luta continue ou não”, revela o Instituto para o Estudo da Guerra.
9 de maio é uma data simbólica para Moscovo pois assinala o Dia da Vitória da Rússia sobre a Alemanha nazi, em 1945. Putin não ganhou a guerra, mas já mobilizou 11.000 militares para este desfile.
As forças de Putin acabam de se retirar de Kyiv e seguem já para a ofensiva no Donbass o que, para o ISW, demonstra que Putin procura cegamente uma vitória.
"Os russos não tiveram tempo suficiente para reconstituir as forças retiradas da Batalha de Kyiv e prepará-las adequadamente para uma nova ofensiva no leste", diz o relatório, que ressalva que as forças russas parecem ainda estar a construir capacidades logísticas de comando e controle, mesmo quando iniciam a próxima rodada de grandes combates.
"O ritmo das operações russas continua a sugerir que o presidente Vladimir Putin está a exigir uma ofensiva precipitada para atingir seus objetivos declarados, possivelmente até o Dia da Vitória em 9 de maio. A pressa e a preparação parcial do ataque russo provavelmente prejudicarão a sua eficácia e podem comprometer seu sucesso", antecipa o relatório.
O grande objetivo no Donbass, “é libertar totalmente as repúblicas [autoproclamadas] de Donetsk e Luhansk”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, na terça-feira.
A avaliação refere que as operações russas continuam a avançar às pressas, "como se o presidente Vladimir Putin tivesse estabelecido uma data arbitrária para o sucesso".
Putin pode ter decidido que anunciará vitória e a conclusão da operação no Dia da Vitória, 9 de maio, mas "a pressa com que as forças russas se movem pode comprometer o sucesso das operações".
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