Futuro da guerra depende do destino de Mariupol, diz autarca de Donetsk

O governador ucraniano da região de Donetsk defendeu que o futuro da guerra na Ucrânia "depende do destino de Mariupol", o porto situado no sudeste do país, quase inteiramente sob o controlo das forças russas.

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Lusa
22/04/2022 13:46 ‧ 22/04/2022 por Lusa

Mundo

Ucrânia

 

"O sucesso da ofensiva russa no Sul depende do destino de Mariupol", disse Pavlo Kyrylenko à agência francesa AFP numa entrevista por videoconferência.

Kyrylenko considerou que Mariupol, que pertence a Donetsk, é uma cidade estratégica tanto para os ucranianos, na defesa da região, como para os russos, que querem assegurar um corredor terrestre seguro entre o Donbass e a península da Crimeia, que anexaram em 2014.

"O inimigo está a concentrar todos os seus esforços em Mariupol", disse Kyrylenko, enquanto os últimos combatentes ucranianos estão entrincheirados no enorme complexo metalúrgico Azovstal, com "até 300 civis".

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse na quarta-feira que ainda havia cerca de "1.000 civis, mulheres e crianças" e "centenas de feridos" na fábrica de aço construída em 1930, na era soviética.

Na quinta-feira, o Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a "libertação" de Mariupol, mas ordenou a suspensão do assalto a Azovstal, argumentando que seria demasiado pesado em termos de vidas para as tropas russas.

Putin exigiu aos militares, no entanto, o cerco do complexo industrial para que "nem uma única mosca consiga passar".

Segundo Kyrylenko, o bombardeamento "continua em Azovstal", cujos defensores "estão numa situação muito difícil".

"Claro que eles estão muito cansados. Mas ainda têm algumas munições", disse.

Kyrylenko acusou ainda a Rússia de não respeitar os acordos sobre os corredores humanitários para retirar civis de Mariupol e fazer chegar ajuda à cidade.

O governador de Donetsk denunciou também que a Rússia quer "espalhar o pânico entre a população" e servir-se dos civis como "escudos humanos".

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que disse visar defender a população russófona, bem como "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.

A ONU confirmou a morte de mais de 2.000 civis em quase dois meses de combates, mas tem alertado para a probabilidade de o número ser muito mais elevado.

A guerra levou mais de cinco milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, havendo ainda sete milhões de deslocados no país, segundo a ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

Leia Também: Charles Michel pede acesso humanitário e passagem em cidades ocupadas

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