"Lamentamos esta decisão, que foi fortemente promovida pelos países da NATO, que são membros da OEA: Estados Unidos e Canadá", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em comunicado.
"O objetivo é envolver os estados latino-americanos no 'motim' anti russo dos membros da NATO, para semear a discórdia com a Rússia, cujas relações são historicamente caracterizadas por laços de amizade, diálogo, respeito mútuo e cooperação mutuamente benéfica", acrescentou.
A diplomacia russa salientou que a decisão não foi apoiada pelos principais países latino-americanos, como Argentina, Brasil, México, que se abstiveram, nem por países caribenhos como São Cristóvão e Nevis ou São Vicente e Granadinas.
Zakharova realçou que a cooperação da Rússia com a OEA existe há 30 anos, embora a intensidade da interação tenha diminuído sob a liderança do secretário-geral da instituição, Luis Almagro, que fez "frequentemente declarações anti russas".
"Sob a sua 'supervisão', a OEA começou a recuperar as características do sempre lembrado 'Ministério das Colónias' dos Estados Unidos", afirmou a porta-voz, que também considerou que a organização, com sede em Washington, "perdeu há muito tempo o seu estatuto como a organização universal do Hemisfério Ocidental".
"Não nos apegamos ao estatuto de observador na OEA. Os motivos e objetivos de nossa operação militar especial na Ucrânia são conhecidos e compreensíveis para parceiros imparciais abertos ao diálogo. Temos a certeza de que a história colocará tudo no devido lugar", acrescentou a porta-voz.
"Não temos a menor ilusão sobre a política norte-americana e canadiana. Esperamos que os latino-americanos possam entender em que jogo míope anti russo se envolveram na plataforma da OEA", sublinhou, assegurando que a cooperação da Rússia com a América Latina e o Caribe "continua e vai ser aprofundar".
O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou na quinta-feira a suspensão da Rússia como observador permanente da organização, como uma punição pela invasão da Ucrânia.
O Conselho Permanente deu luz verde a uma resolução contra a Rússia com 25 votos a favor, 0 contra, 8 abstenções e uma ausência.
As oito abstenções foram de Honduras, México, El Salvador, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Argentina, Bolívia e Brasil. A ausência foi da Nicarágua.
A resolução, apresentada pela Guatemala e Antígua e Barbuda, com o apoio do Canadá, Colômbia, Estados Unidos, Granada e Uruguai, foi aprovada em sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA, realizada de forma presencial e virtual.
A suspensão tem efeito imediato e durará até que "o governo russo cesse as hostilidades, retire todas as suas forças e equipamentos militares da Ucrânia, dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas, e regresse ao caminho do diálogo e da diplomacia", afirma o texto.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Leia Também: Trump diz que ameaçou aliados da NATO de não os proteger da Rússia