Durante uma conferência de imprensa consagrada à pandemia de covid-19, Stella Kyriakides, questionada sobre os casos de hepatite aguda, aproveitou a "oportunidade para reiterar o apelo já deixado pelo ECDC [Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças] no sentido de os Estados-membros partilharem toda a informação", para que Bruxelas possa "realmente monitorizar a situação de muito perto".
Apontando que, à data de 25 de abril, a UE tinha já "cerca de 40 casos confirmados em 12 Estados-membros", a que se juntam mais de uma centena no Reino Unido, a comissária disse que também é responsabilidade da Comissão, em matérias relacionadas com saúde pública, "estar em contacto com todas as autoridades", e sublinhou que "o ECDC está a trabalhar em conjunto com a OMS [Organização Mundial de Saúde] e os Estados-membros para reunirem toda a informação".
De acordo com a comissária europeia da Saúde, "os casos parecem afetar crianças entre um mês e 16 anos", sendo que nalguns casos houve necessidade de transplante de fígado.
"Pelo que temos visto, e tal é corroborado pelo Reino Unido, a mais provável origem parece ser viral, provavelmente algum tipo de adenovírus, mas, tal como disse o ECDC é necessária mais informação, e o ECDC está a trabalhar numa avaliação de risco que será publicada amanhã [quinta-feira]", apontou.
Na terça-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças indicou que está a analisar os casos notificados em vários países de hepatite aguda de origem desconhecida em crianças e que contava publicar na quinta-feira uma avaliação rápida de risco.
Numa conferência de imprensa durante a qual forneceu uma atualização sobre os últimos desenvolvimentos em matéria de doenças infecciosas na União Europeia, a diretora do ECDC, Andrea Ammon começou precisamente por abordar os recentes casos de "hepatite aguda de origem desconhecida em crianças até então saudáveis".
Apontando que "o Reino Unido foi o primeiro país a lançar um alerta, no início de abril, tendo desde então reportado mais de 100 casos", e que, "depois desse alerta, mais países têm relatado casos, entre os quais 10 países da UE, mas também Israel e Estados Unidos", Ammon sublinhou que muitos dos casos foram de hepatite grave e vários evoluíram para insuficiência hepática aguda, que exigiram transplantes de fígado, "o que mostra bem a gravidade da condição".
"As investigações prosseguem em todos os países, mas, de momento, a causa desta hepatite permanece desconhecida. A hepatite habitual, de A a E, está excluída, e as autoridades nacionais de saúde estão a olhar para possíveis causas", disse, escusando-se a especular sobre a origem destes casos até haver mais dados.
No domingo, a OMS anunciou que uma criança morreu vítima do misterioso surto de doença hepática que está a afetar crianças na Europa e nos Estados Unidos, sem revelar em que país ocorreu a morte.
Os especialistas dizem que os casos podem estar ligados a um vírus geralmente associado a constipações (adenovírus), mas estão em curso investigações.
"Embora o adenovírus seja uma hipótese possível, estão em curso investigações para o agente causal", refere a OMS, notando que o vírus foi detetado em pelo menos 74 dos casos.
O surto "de origem desconhecido", que foi anunciado pela OMS a 15 de abril, causa inflamação do fígado e "em muitos casos", sintomas gastrointestinais como dores abdominais, diarreia e vómitos, e elevação das enzimas do fígado.
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