"Como parte do mundo democrático, não podemos ficar indiferentes a esta tragédia e dizer que é um problema exclusivamente ucraniano (...). A Ucrânia não é um problema alheio", afirmou Kiril Petkov, em visita à Ucrânia, citado pela imprensa búlgara.
O primeiro-ministro adiantou que acredita que o envio de armas receberá o apoio maioritário do Parlamento, uma medida apoiada por três dos quatro partidos do governo.
Opõe-se, no entanto, o Partido Socialista, herdeiro do antigo Partido Comunista e próximo da Rússia, que ameaçou quebrar a coligação governamental se avançar o apoio militar à Ucrânia.
Com o apoio também da maioria da oposição, espera-se que a iniciativa recolha o voto de 200 dos 240 deputados no Parlamento.
"Durante meses ouvimos a retórica de que é melhor não dar armas à Ucrânia para alcançar a paz o mais rápido possível. Se esta destruição e morte de civis é o preço desta paz, e a Rússia continua a disparar e ninguém tem a possibilidade de se defender, então não a queremos", declarou Petkov, em visita a Borodyanka, um município perto de Kyiv devastado pelas tropas russas.
A Bulgária, membro da UE, é um dos países da NATO que até agora não enviou armas para a Ucrânia, argumentando que isso significaria envolver-se no conflito e prolongá-lo, tese defendida pelo Presidente do país, Rumen Radev, próximo de Moscovo.
Radev, que inicia hoje uma visita oficial a Espanha, acusou o governo de Petkov de ser responsável pela decisão da empresa estatal russa Gazprom de cortar o abastecimento de gás à Bulgária.
O primeiro-ministro disse que esta posição de Radev é "vergonhosa" e insistiu que a Europa dever "ser mais forte" e encontrar "alternativas" ao gás russo.
O assunto foi abordado hoje com chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, que transferiu ao Presidente da Bulgária o apoio de Espanha ao seu país face à "inaceitável chantagem russa" de suspender o fornecimento de gás.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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