"De 2016 a 2020 houve uma redução sustentada [da criminalidade] por cinco anos consecutivos, 2021 é um ano atípico", explicou o chefe do Governo, na sessão plenária de abril no parlamento cabo-verdiano, no debate sobre segurança, proposto pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), que deixou o poder em 2016, após vitória do Movimento para a Democracia (MpD).
O debate começou a ser suportado pelos recentes dados divulgados pela Polícia Nacional, dando conta que no ano passado as ocorrências policiais registadas em Cabo Verde aumentaram 33%, face ao ano anterior.
"Mas esta não é uma realidade exclusiva de Cabo Verde. Um pouco por todo o mundo, em 2021 assistiu-se a um aumento da criminalidade derivado dos impactos múltiplos e profundos na vida das pessoas e das comunidades provocadas pela pandemia de covid-19", frisou.
Mas Ulisses Correia e Silva apontou dados que dão conta de reduções da criminalidade entre 2016 e 2020, graças a um conjunto de medidas, como motivação dos recursos humanos e o reforço de meios e do quadro organizacional e institucional das forças de segurança.
Na sua intervenção, o chefe do Governo manifestou o seu compromisso com o reforço da segurança e combate à criminalidade, através da melhoria e desempenho das forças policiais e de segurança, priorização de operações especiais de prevenção criminal.
Extensão do projeto de videovigilância "Cidade Segura", redução da pendência e morosidade processual nos tribunais, reforço do plano de reinserção social dos reclusos e reduzir as reincidências foram outras das medidas que apontou.
Correia e Silva garantiu "ações imediatas" para prevenir a criminalidade interna, que causam mais sensação de insegurança, como os assaltos, roubos e furtos, com particular incidência na cidade da Praia, capital do país.
O primeiro-ministro reforçou o compromisso do Governo no combate à criminalidade, mas também apelou o mesmo a todos os atores políticos e sociais, famílias, organizações não-governamentais e da sociedade civil e dos cidadãos.
Além da segurança pública e interna, definiu a segurança marítima como "prioridade" e garantiu que a reforma das Forças Armadas vai no sentido de criar melhores condições operacionais e tecnológicas e um sistema nacional que garante a segurança marítima.
Segurança aeroportuária e fronteiriça e cibersegurança também são vistas como "emergentes" por parte de Ulisses Correia e Silva, recordando que o Governo investiu mais de 200 milhões de escudos (mais de 1,8 milhões de euros) desde dezembro de 2020, um mês após a Rede Tecnológica Privativa do Estado ter sido vítima de um ciberataque em larga escala.
"Prioridade está colocada na melhoria de Cabo Verde no ranking internacional de cibersegurança", traçou.
O ataque teve impacto grave sobre os sistemas, tendo o Núcleo Operacional da Sociedade de Informação (NOSi) avançado que teve origem internacional e estava a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República e pela Interpol.
O debate mensal como o primeiro-ministro faz parte da agenda da segunda sessão de abril, que termina hoje.
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