Casos de sarampo em África subiram 400% após quebra na vacinação

África registou 17.500 casos de sarampo nos primeiros três meses deste ano, quatro vezes mais do que no mesmo período de 2021, anunciou hoje a OMS, que atribui o aumento à quebra na vacinação devido à pandemia.

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Lusa
28/04/2022 16:50 ‧ 28/04/2022 por Lusa

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"Quase 17.500 casos de sarampo foram registados na região africana entre janeiro e março de 2022, um aumento de 400% face ao mesmo período de 2021", quando se registaram 4.359 casos da doença no continente, anunciou o escritório africano da Organização Mundial de Saúde (OMS África), em comunicado.

No primeiro trimestre de 2022, 20 países africanos registaram surtos de sarampo, menos oito do que nos primeiros três meses de 2021, acrescenta a organização.

No comunicado, a OMS África sublinha que as desigualdades no acesso às vacinas e as perturbações provocadas pela pandemia de covid-19, nomeadamente a sobrecarga dos serviços de saúde, provocaram a suspensão dos programas de vacinação em muitos países africanos.

"A imunização de rotina, uma prática estabelecida há muito em muitos países africanos, foi severamente pressionada pelo impacto da covid-19. Na esteira desta pandemia, estamos comprometidos em ajudar os países a desenvolver abordagens inteligentes para aumentar a vacinação contra a covid-19 e para restaurar e expandir os sistemas de vacinação de rotina", disse o diretor para as doenças transmissíveis e não-transmissíveis na OMS África, Benido Impouma.

Além do sarampo, a suspensão da vacinação de rotina provocou surtos de outras doenças preveníveis com vacinas, como a poliomielite ou a febre amarela, alertou a organização.

Com efeito, 24 países africanos confirmaram surtos de uma variante da pólio em 2021, mais quatro do que no ano anterior; e 13 países reportaram novos surtos de febre amarela no continente, quando em 2020 foram nove e em 2019 três.

"O aumento dos surtos de doenças preveníveis com vacinas é um sinal de alerta. Enquanto África trabalha duro para derrotar a covid-19, não devemos esquecer outras ameaças à saúde", disse a diretora regional da OMS África, Matshidiso Moeti, citada no comunicado.

"À medida que os países restauram os serviços, a imunização de rotina deve estar no centro de sistemas de saúde recuperados e resilientes", acrescentou.

Segundo a OMS, duas doses da vacina do sarampo administradas dentro do calendário resultam numa proteção de longo prazo contra uma doença potencialmente fatal e os países devem garantir coberturas vacinais de 95% (com duas doses) para alcançar a eliminação da doença.

Em 2019, seis países africanos alcançaram uma cobertura de 95% com a primeira dose da vacina do sarampo e em 2020 apenas três alcançaram esta meta, segundo dados da OMS e da Unicef.

A OMS África escreve no comunicado que mais de 90% dos 38 países cobertos por este escritório regional disseram ter implementado pelo menos uma campanha de imunização de rotina no segundo semestre de 2021.

Alguns, como o Gana ou a Nigéria, conseguiram integrar campanhas de imunização cruciais na vacinação contra a covid-19.

As campanhas de vacinação em massa também promoveram um aumento da vacinação contra o SARS-CoV-2, e entre janeiro e abril a taxa de africanos completamente vacinados subiu de 11,1% para 17,1%.

Leia Também: Guiné-Bissau quer vacinar mais de 340.000 crianças contra a poliomielite

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