"Não convidámos nenhum líder mundial para o Dia da Vitória. Este ano não é um aniversário redondo", disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
A capitulação do regime nazi na Segunda Guerra Mundial foi assinada em Berlim na noite de 8 de maio de 1945, quando já era dia 9 na Rússia e nos países vizinhos.
A data foi glorificada pela então União Soviética, que perdeu 24 milhões de civis e militares na guerra iniciada em 1939, e tem sido aproveitada pelo regime do Presidente Vladimir Putin como um momento de exaltação e glorificação da Rússia.
O Kremlin confirmou que, ao contrário de 2020, quando a pandemia de covid-19 forçou ao adiamento do desfile militar, a guerra na Ucrânia não impedirá as celebrações do Dia da Vitória este ano.
Em março, as forças armadas ucranianas alertaram que a Rússia estava a mentalizar os seus soldados de que a guerra na Ucrânia deveria estar concluída antes do 09 de Maio.
As autoridades russas anunciaram, na semana passada, o início de uma nova fase da operação na Ucrânia, definindo a conquista do Donbass (leste) como prioritária, após várias semanas de ataques em muitas outras regiões da Ucrânia, incluindo a capital Kiev.
Moscovo afirma que a operação, iniciada em 24 de fevereiro, está a decorrer como foi planeada, mas a "nova fase" foi vista como uma indicação de um recuo perante a resistência ucraniana e um sinal de que Moscovo quererá uma "vitória" na Ucrânia antes de 09 de maio, mesmo que limitada.
O desfile do Dia da Vitória foi ensaiado na quinta-feira à noite, na Praça Vermelha, em frente ao Kremlin, com a participação de mais de 10.000 soldados, segundo a EFE.
Um novo exercício noturno ocorrerá no mesmo local em 04 de maio, com o ensaio final marcado para o dia 07.
Em 2015, no 70.º aniversário da vitória, o Kremlin convidou mais de 60 líderes mundiais, cerca de metade dos quais estiveram em Moscovo, incluindo o Presidente da China, Xi Jinping, e o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
No entanto, nenhum líder europeu aceitou o convite na altura, uma vez que a celebração teve lugar um ano após a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia e do início da guerra separatista no Donbass, patrocinada por Moscovo.
Em 2018, o desfile tradicional contou com a presença do então primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e do Presidente sérvio, Aleksandar Vucic.
Em 2019, o desfile não contou com a presença de estrangeiros de alto nível.
No 75.º aniversário, em 2020, o Kremlin convidou vários líderes, incluindo dos EUA, de países da UE e do Japão, mas o desfile foi adiado para 24 de junho, por razões de segurança sanitária, e acabou por realizar-se sem visitantes estrangeiros.
A guerra na Ucrânia, que cumpre hoje 65 dias, provocou mais de 5,4 milhões de refugiados, a maior crise do género desde a Segunda Guerra Mundial, desconhecendo-se ainda o número de baixas civis e militares.
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