"Não há submissão aos 'Insubmissos'", disse o secretário-geral dos socialistas, Olivier Faure, referindo-se ao partido de Mélenchon (A França Insubmissa), que na primeira volta das últimas presidenciais francesas alcançou 22% dos votos, menos 400 mil votos do que Marine Le Pen, que disputou a segunda volta com Emmanuel Macron.
Em entrevista à estação BFMTV, Faure explicou hoje que o eventual "compromisso" com o partido A Franca Insubmissa (LFI, na sigla em francês) traduz a vontade de construir uma coligação de esquerda.
"Há tantos pontos de convergência (entre o PS e o LFI) que 'passar por cima' seria uma loucura", disse Olivier Faure.
Questionado sobre a posição complacente de Jean-Luc Mélenchon em relação ao chefe de Estado russo, Vladimir Putin, assim como as críticas do LFI a certos tratados da União Europeia (UE), Faure respondeu que o PS vai continuar a defender o envio de armamento às forças ucranianas, as sanções contra Vladimir Putin e a "intransigência" face ao regime de Moscovo.
O dirigente socialista acrescentou que o objetivo é "permitir que a esquerda regresse ao poder" para que os "franceses que sofrem" possam encontrar novas formas de "esperança".
O eventual acordo entre os socialistas e o LFI está, ainda assim, a provocar polémica interna no PS, tendo sido rejeitado por Bernard Cazeneuve, ex-ministro do Interior e mais tarde primeiro-ministro do governo socialista de François Hollande.
Cazeneuve anunciou na quarta-feira que se afasta do PS em divergência com a possível coligação.
Além de Faure, também Martine Aubry defendeu o "compromisso" que deve ser votado favoravelmente pela Comissão Nacional do PS que se vai reunir hoje à tarde, em Paris.
Aubry, a presidente da Câmara de Lille que desempenhou o cargo de ministra dos Assuntos Sociais e Trabalho nos anos 1990, promoveu na altura, entre outras medidas, a antecipação da idade da reforma para os 60 anos.
A questão da idade da reforma figura no pacto da esquerda para que possa vir a ser aplicada caso a eventual coligação consiga formar governo após as eleições de junho.
Numa nota publicada na rede social Twitter, Aubry disse estar "consciente" dos limites do ???????acordo, que pressupõe cedências às duas partes, mas considerou que os eleitores de esquerda mostraram na primeira volta das presidenciais do passado dia 10 de abril que desejam uma união.
"É preciso ouvir esta mensagem", disse Martine Aubry.
Por outro lado, outros líderes socialistas franceses, como François Hollande ou o ex-ministro Stéphane Le Foll, criticaram o acordo, com o qual os socialistas pretendem impedir que o PS desapareça do Parlamento tendo em conta a derrota histórica na primeira volta das presidenciais da candidata Anne Hidalgo, que não conseguiu mais do que 1,74% dos votos.
Segundo o texto acordado entre o PS e o LFI, os socialistas podem apresentar candidatos em 70 das 577 circunscrições do país tendo desta forma possibilidade de manter as três dezenas de deputados de que dispõem atualmente.
A intenção é reunir a maioria dos partidos da esquerda francesa na Nova União Popular Ecologista e Social (NUPES) e obter uma maioria parlamentar que obrigue o Presidente Emmanuel Macron a aceitar Mélenchon como primeiro-ministro e aplicar um programa marcado por políticas sociais.
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