"Impunidade policial" após na morte de ativista LGBTQ na Grécia

A Liga grega de Direitos Humanos criticou hoje a "impunidade policial" no país, três dias após a absolvição pelo Tribunal de Atenas de quatro policiais julgados "por ofensas corporais que resultaram na morte" de um conhecido ativista LGBTQ.

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Lusa
06/05/2022 22:26 ‧ 06/05/2022 por Lusa

Mundo

LGBTQ

Após cinco meses de julgamento, o Tribunal de Assize (Atenas) condenou a 10 anos de prisão dois homens que espancaram e causaram ferimentos graves que levaram à morte do ativista Zacharias Kostopoulos, que morreu em Atenas em 2018, aos 33 anos, mas a absolvição de quatro policiais julgados pelo mesmo crime "provocou muitas reações", refere a agência AFP, com base num comunicado de Liga grega de Direitos Humanos.

"Infelizmente não é a primeira vez que o maior ou menor envolvimento da polícia em incidentes violentos é acompanhado pela sua absolvição criminal e/ou disciplinar", lamentou a Liga.

Referindo-se a um vídeo que se tornou viral na internet na altura e que mostra a polícia a chegar ao local do incidente, a espancar e a algemar a vítima enquanto esta sangrava na calçada, a Liga considera que "estas imagens não devem ser toleradas".

A propósito, lembrou que o processo disciplinar aberto em 2018 contra os quatro polícias agora absolvidos não está concluído quatro anos após o incidente e apelou à "necessidade da sua iminente conclusão" pelos órgãos disciplinares.

"O poder judiciário e os demais órgãos de controlo devem não apenas responder às denúncias das organizações e tribunais internacionais sobre o problema estrutural da impunidade e da arbitrariedade policial, mas também salvaguardar o Estado de Direito (...) e a confiança dos cidadãos nas autoridades policiais", frisou a Liga.

O departamento grego da Amnistia Internacional alertou também para "uma sequência de vídeo em que a polícia utiliza força excessiva para prender Zacharias", que aparece tombado no chão.

O veredicto do tribunal de julgamento "é um novo sinal de que na Grécia as vítimas do uso excessivo da força pela polícia e as suas famílias são privadas de justiça", avaliou a Amnistia.

A comunidade LGBTQ grega fez da morte de Zacharias Kostopoulos um caso paradigmático da discriminação de que é alvo, argumentando que sua morte foi "um crime de ódio".

Conhecido por seu nome artístico "Zak/Zackie Oh", o grego-americano Zacharias Kostopoulos foi um ativo defensor dos direitos das pessoas LGBTQ e soropositivas, como ele, e sua morte chocou a opinião pública grega.

Leia Também: Nove mortos e 13 desaparecidos em explosão num hotel de Havana

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