"São quase três ataques, em média, por dia", afirmou Hans Kluge numa conferência de imprensa em Kyiv, salientando que dois terços das agressões a profissionais do setor da saúde registadas globalmente em 2022 ocorreram na Ucrânia.
Neste momento, a OMS pode confirmar que estes ataques causaram pelo menos 75 mortos e 59 feridos, refere o gabinete da região europeia da OMS, que também abrange a Rússia e várias antigas repúblicas soviéticas, sem avançar mais detalhes sobre as vítimas por razões de segurança.
Kluge, que visitou na segunda-feira instalações de saúde afetadas por conflitos na região de Chernigov, no norte da Ucrânia, aproveitou a ocasião para expressar o seu "imenso apreço e admiração" pelos profissionais de saúde ucranianos.
"Eles têm demonstrado uma tremenda coragem e dedicação desde o início da guerra. Fazem o impossível, mantêm-se firmes e salvam vidas", disse o responsável, citado pela agência de nostícias espanhola Efe.
O diretor regional anunciou que esta semana se reunirá com representantes do Governo ucraniano para obter mais informações sobre os desafios que o país enfrenta, entre os quais apontou o acesso a medicamentos por parte de doentes crónicos.
Destacou também a necessidade de fortalecer os serviços de saúde mental, uma vez que uma em cada cinco pessoas em zonas de conflito desenvolvem problemas "graves" nesta área, e para apoiar sobreviventes de violência e abuso sexual.
Hans Kluge lançou ainda o repto de colocar a saúde "no centro dos esforços de reconstrução e recuperação", dando como exemplo o problema do fornecimento de eletricidade em hospitais e centros de saúde.
Explicou que a OMS trabalha para fornecer geradores, mas que a longo prazo o objetivo é avançar para a utilização de energias renováveis para garantir a sustentabilidade do sistema de saúde.
Por seu lado, o representante da OMS na Ucrânia, Jarno Habicht, explicou que as infraestruturas de saúde danificadas pela guerra, entre as quais hospitais, centros de cuidados de saúde primários e ambulâncias, prestavam serviço todos os meses a um quarto de milhão de civis.
"Este é o impacto destes ataques e são ataques que continuam. É inaceitável e não há nenhuma razão para isso", vincou Jarno Habicht.
Até agora, a OMS forneceu à Ucrânia mais de 500 toneladas cúbicas de material médico, incluindo medicamentos, equipamentos para o tratamento de doentes, ambulâncias e geradores elétricos, adiantou.
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