O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, visitou na noite de quarta-feira o programa do apresentador Stephen Colbert, no qual voltou a destacar a "coragem e a resistência" do povo ucraniano, mas avisou que as cenas em Mariupol serão piores do que as de Bucha.
Na entrevista dada no 'talk-show' da CBS, Blinken comentou as previsões antes da guerra, que apontava para uma vitória rápida para a Rússia, afirmando que tal não aconteceu "por causa da coragem dos ucranianos, mas também por causa da assistência" que os EUA conseguiram fornecer "com dezenas de outros países".
"Eles não só seguraram as suas posições, mas também empurraram os russos para trás e ganharam a batalha de Kyiv", elogiou o diplomata.
Antony Blinken também fez duras críticas a Vladimir Putin que, considera, acredita que a Ucrânia "não é um país independente", mas garantiu "com convicção" que "uma Ucrânia soberana e independente vai durar muito mais tempo do que Vladimir Putin".
Questionado sobre a situação na cidade portuária de Mariupol, que foi recentemente tomada pelos russos após a rendição dos militares ucranianos lá presentes, Blinken admitiu que teme que as imagens de Bucha, no início de abril, sejam repetidas com muita mais força em Mariupol.
"A luta agora, depois dos russos terem sido empurrados para fora de Kyiv, do norte e de partes do leste, moveu-se para sul e para leste, nas regiões próximas da Rússia. O que é aterrador é que, quando o mundo assistir realmente ao que aconteceu em Mariupol, o que acontecerá eventualmente, temo que as fotografias que vimos em Bucha não serão nada em comparação", avisou.
Sobre a expansão da NATO, depois da oficialização desta semana das intenções da Suécia e da Finlândia em aderir à aliança, o secretário de Estado norte-americano recordou que o grupo "é uma aliança defensiva que "não tem intenções agressivas para com a Rússia".
E ironizou também sobre o papel de Putin, considerando-o um "poster" para a NATO.
"O presidente Putin conseguiu precipitar tudo o que queria impedir. Queria impedir uma expansão da NATO, queria dividir o Ocidente e queria subjugar a Ucrânia. Tudo o que vemos é Putin atingir o oposto do que diz querer", rematou.
Ao longo da entrevista, Antony Blinken comentou ainda o melhoramento das condições do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que admitiu ter sido esvaziado durante o mandato do anterior presidente, Donald Trump, e salientou o regresso dos diplomatas e da bandeira norte-americana à embaixada de Kyiv.
A guerra na Ucrânia já fez mais de 3.700 mortos entre a população civil, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. No entanto, a organização adverte que o número real de mortos poderá ser muito superior, dadas as dificuldades em contabilizar os mortos em cidades sitiadas e ocupadas pelos russos, como é o caso de Mariupol, onde o governo ucraniano estima que tenham morrido dezenas de milhares de pessoas.
Leia Também: EUA anunciam mais 215 milhões de dólares de ajuda alimentar à Ucrânia