O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, acusou Moscovo no mesmo dia, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU organizada pelos Estados Unidos, de fazer refém "o abastecimento de alimentos de milhões de ucranianos e milhões de outras pessoas em todo o mundo".
"O nosso país está preparado para assumir todas as suas obrigações. Mas também aguarda a ajuda dos seus parceiros comerciais", argumentou o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia no serviço de mensagens Telegram.
"Caso contrário não faz sentido: por um lado, impõem-nos sanções loucas e, por outro, exigem que garantamos o abastecimento de alimentos. Não funciona assim, não somos estúpidos", acrescentou o ex-chefe de Estado (2008-2012).
A Rússia e a Ucrânia fornecem 30% da oferta de alimentos do planeta.
Os Estados Unidos e Rússia trocaram acusações na quinta-feira na ONU pelo agravamento da insegurança alimentar no mundo, com Washington a pedir a Moscovo que permita as exportações de cereais ucranianos bloqueados nos portos do mar Negro.
"Parem de bloquear os portos do mar Negro! Permitam a livre circulação de navios, comboios e camiões que transportam alimentos para fora da Ucrânia", atirou Antony Blinken.
"Parem de ameaçar suspender as exportações de alimentos e fertilizantes para países que criticam a sua guerra de agressão", acrescentou.
Denunciando um desejo ocidental de "fazer a Rússia assumir a culpa por todos os problemas do mundo", o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, rejeitou as acusações do Ocidente como um todo.
A crise alimentar no mundo existe há muito tempo e as suas causas profundas vêm de uma "espiral inflacionária" alimentada pelo aumento dos custos de seguros, fluxos logísticos difíceis e "especulações nos mercados ocidentais", disse o diplomata russo.
Um dia depois de o secretário-geral da ONU, António Guterres, ter pedido à Rússia que liderasse as exportações de cereais ucranianos, cerca de 80 países planeavam falar na reunião do Conselho de Segurança na quinta-feira.
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