A Ucrânia acabará por fazer parte da União Europeia (UE), garantiu esta terça-feira o ministro francês delegado para os Assuntos Europeus, Clément Beaune. De acordo com a Reuters, o governante pretendeu tranquilizar Kyiv ao dizer que uma iniciativa desenhada com o intuito de estreitar os laços entre o bloco europeu e os países aspirantes não substituiria as suas propostas de adesão ao mesmo.
As declarações foram proferidas depois de, no início deste mês, o presidente francês Emmanuel Macron ter sugerido a criação de uma "comunidade política europeia" que criaria uma nova estrutura, a qual permitiria uma cooperação mais estreita com os países candidatos à adesão à União Europeia.
"Estou convencido de que a Ucrânia fará parte da União Europeia", disse Clément Beaune aos jornalistas. "Sabemos com honestidade que leva tempo e neste tempo não nos podemos permitir, simplesmente, a esperar. Temos de alimentar a esperança europeia", acrescentou.
O ministro francês, que no início desta semana disse que a adesão da Ucrânia poderia levar entre 15 a 20 anos, apontou ainda que o projeto apresentado pelo seu governo "não era uma alternativa" à adesão europeia. Clément Beaune referiu, de seguida, que o próximo passo passaria por discutir os detalhes desta iniciativa com parceiros europeus.
A este propósito, Catherine Colonna, a nova Ministra dos Negócios Estrangeiros de França, veio já dizer que a ideia passa por complementar um alargamento da União Europeia, proporcionando vantagens aos países não-candidatos e apoio aos que procuram a adesão.
"É preciso agora fazer mais, e mais rapidamente, para alguns parceiros. Esta comunidade política europeia pretende reforçar rapidamente as relações com todos os países europeus da nossa vizinhança", explicou.
A iniciativa foi recebida cautelosamente por alguns Estados-membros, dada a falta de detalhes a propósito da mesma. A própria Ucrânia expressou também a sua preocupação acerca da possibilidade desta proposta poder estar a ser ponderada como uma alternativa à adesão ao bloco europeu.
A Comissão Europeia irá dar o seu parecer sobre o pedido de candidatura da Ucrânia ao bloco europeu já no mês de junho. Porém, mesmo que o processo seja aprovado, deverá levar vários anos e poderá ser ainda vetado por qualquer Estado-membro.
A guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro, entrou hoje no quarto mês sem um balanço independente de vítimas, civis e militares. A ONU confirmou a morte de quase 4.000 civis, com a ressalva de que o número real deverá ser consideravelmente superior.
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