Salvador Rolando Ramos, de 18 anos, é o autor do tiroteio desta terça-feira numa escola do Texas, que roubou a vida a 22 pessoas, incluindo 19 crianças. Nas redes sociais, Salvador partilhava inclusive imagens de armas e munições.
Salvador terá entrado no local com colete antibalas, uma pistola e uma espingarda. Antes de se dirigir para a escola, terá disparado contra a avó, que segundo a CNN, encontra-se em estado crítico no hospital.
O ataque foi perpetrado apenas dois dias antes do final do ano letivo e as autoridades tentam agora perceber o que motivou o jovem a cometer este crime, sendo que a vida do jovem vai agora sendo conhecida.
Salvador não teve um vida fácil na escola, revela Stephen Garcia, amigo do atirador, ao The Washingtin Post. Era vítima de bullying e chegou a ser alvo de comentários homofóbicos por ter publicado uma fotografia em que usava lápis preto nos olhos.
"Ele era o miúdo mais simpático, o mais tímido". Ele só precisava de sair da sua concha. Ele era uma pessoa como todos nós - era um bom amigo", disse Garcia, que em tempos foi amigo do atirador do Texas.
“Jogávamos, ele ia buscar lanches à escola, bebíamos granizados e comíamos Takis”, recordou Stephen sobre essa fase ao mesmo jornal: “Éramos miúdos normais, só dois miúdos preguiçosos”.
"Perdi o meu amigo há muito tempo", lamenta Stephen Garcia. No início do secundário, Stephen e a família mudaram de cidade, e tudo mudou entre os amigos. "Ele começou a ser uma pessoa diferente", disse. "Ele continuava a piorar cada vez mais e eu nem sei".
Quando Garcia se mudou, Ramos descurou da escola. Começou a usar preto e grandes botas militares, deixou crescer o cabelo, descreve o amigo: “Como um assassino em série”.
Stephen diz que se esforçou para manter a amizade mas que o amigo se afastou cada vez mais. A última vez que falaram foi há dois meses, mas foi uma chamada muito rápida: Salvador afirmou que estava a caçar com o tio e que não tinha tempo para falar com o amigo.
“Acho que ele precisava de ajuda mental. E de resolver a relação com a família. E de amor”, lamenta o amigo.
Santos Valdez, outro amigo, diz que o comportamento de Ramos se deteriorou nos últimos anos e que também por isso se afastaram. Jogavam videojogos como 'Fortnite' e 'Call of Duty'. Mas depois Ramos mudou, disse Valdez ao mesmo meio.
Um dia, recorda, Salvador apareceu com cortes na cara. Disse que tinha sido um gato mas, mais tarde, admitiu que tinha autoinfligido os cortes.
Mas se a vida social do atirador sofreu um golpe, a vida familiar não era melhor. Ruben Flores, 41 anos, vivia ao lado de Salvador Ramos e da sua mãe e tentou ser para o jovem uma espécie de figura paterna. Tinha "uma vida bastante dura com a mãe", revela ao The Washington Post.
De vez em quando, Salvador ia dormir a casa de Ruben e da mulher, para passar tempo com o filho adolescente do casal. Mas também destes o atirador se foi afastando à medida que a relação com a mãe se deteriorava.
Nos últimos meses, Salvador mudou-se para casa da avó. Esta mulher, a primeira vítima do atirador, foi vista por este vizinho no domingo. Disse-lhe que estava em vias de despejar a mãe de Ramos da casa onde esta vivia, uma vez que era sua propriedade.
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