Oposição condena Boris Johnson por recusar demitir-se

O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou hoje o primeiro-ministro conservador, Boris Johnson, de "falta de liderança" por recusar demitir-se na sequência do escândalo das festas em edifícios governamentais durante a pandemia de covid-19.

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Lusa
25/05/2022 14:30 ‧ 25/05/2022 por Lusa

Mundo

Reino Unido

 

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"Essa falta de liderança deixou este Governo paralisado no meio de uma crise do aumento de custo de vida. O Governo concentrou-se em salvar a própria pele. É profundamente vergonhoso", afirmou Keir Starmer, no parlamento, após a publicação dos resultados de um inquérito que descreve vários eventos que violaram as restrições da pandemia de covid-19 na residência oficial de Johnson, em Downing Street.

O relatório final de Sue Gray, a alta funcionária do Estado responsável pelo inquérito interno, conclui que "muitos desses encontros e a maneira como eles se desenrolaram não estavam alinhados com as regras da covid-19 na altura" e que "não deveriam ter acontecido".

O documento de 37 páginas e ilustrado com fotografias inclui relatos de consumo frequente de bebidas alcoólicas nos escritórios governamentais, que resultou em certas ocasiões em pessoas ébrias e maldispostas e, em pelo menos num caso, numa briga.

O relatório assinado por Gray condenou também "vários exemplos" de comportamento "inaceitável" em relação a trabalhadores de segurança e de limpeza, vítimas de "falta de respeito e mau tratamento".

"Está na hora de fazer as malas", disse Starmer, após uma declaração de Johnson, na qual este assumiu "plena responsabilidade", mas sem demitir-se, defendendo que o país "deve seguir em frente".

Starmer repetiu a promessa de demitir-se se for multado pela polícia por ter desrespeitado as regras sanitárias impostas em 2021, ao ter jantado com militantes envolvidos numa campanha eleitoral.

"As pessoas precisam de saber que nem todos os políticos são iguais, que se colocam acima do país, que a honestidade, integridade e responsabilidade interessam", afirmou o líder trabalhista e líder da oposição no Reino Unido, exortando os deputados conservadores a forçar a demissão de Johnson e a "restaurar a dignidade" do Governo.

Também o líder parlamentar do Partido Nacional Escocês (SNP), Ian Blackford, acusou Johnson de "envergonhar" o cargo de primeiro-ministro e mostrar "desprezo" por aqueles que cumpriram as regras. 

"Credibilidade, verdade, moralidade, tudo importa, e o primeiro-ministro não tem nenhuma", lamentou, reiterando o pedido de demissão.

O líder do Partido Liberal Democrata, Ed Davey, disse, por sua vez, que Johnson "só pediu desculpas porque foi apanhado" e questionou: "Existe alguém com quem ele se preocupe mais do que ele próprio?".

Apesar dos apelos da oposição aos deputados do Partido Conservador para derrubar o líder, apenas Tobias Elwood se levantou para criticar a "falta de liderança e disciplina" em Downing Street e reconhecer que Johnson deve demitir-se. 

"Estão dispostos a defender diariamente este comportamento publicamente? Podemos continuar a governar sem distrações tendo em conta a erosão da confiança junto dos britânicos e podemos ganhar as eleições legislativas se continuarmos nesta trajetória?", questionou os colegas.

Para forçar a demissão de Boris Johnson é preciso que 54 dos 359 deputados conservadores apresentem "cartas de desconfiança", para posteriormente desencadear uma moção de censura, sendo depois necessários 181 votos a favor para iniciar eleições internas no partido.

Além da declaração no parlamento sobre o relatório, Johnson tem previsto para hoje à tarde uma conferência de imprensa e um encontro com deputados do Partido Conservador. 

Em abril passado, Boris Johnson foi multado por ter violado as próprias leis de confinamento durante a pandemia de covid-19, participando em várias festas no número 10.º de Downing Street.

Leia Também: Partygate. "Vinho nas paredes", "vomitado" e "maus-tratos a funcionários"

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