A mobilização, que segundo os organizadores reuniu 186 outras organizações feministas, começou ao meio-dia de hoje na Praça Cibeles e marchou ao longo da Gran Via, até chegar à Praça de Espanha, com uma faixa à cabeça da marcha apelando à introdução imediata da Lei Orgânica para a Abolição do Sistema da Prostituição (LOASP).
Durante a marcha, foram entoados slogans como "onde está a ministra da Igualdade, ela não pode ser vista", "Irene Montero, demissão", "Sánchez, escuta, feministas em luta" ou "o feminismo é abolicionista", bem como 'banners' com slogans como "sem clientes, não há tráfico".
Rosario Carracedo, porta-voz da plataforma, explicou à agência Efe que chegou o momento de "pôr fim a uma das mais antigas práticas de violência contra as mulheres" e salientou que numa sociedade "baseada no princípio da igualdade entre homens e mulheres", a prostituição deve ser abolida.
"É incompatível com uma sociedade igualitária que uma atividade económica que visa a exploração do corpo das mulheres continue a existir. Vivemos numa sociedade que permite, tolera e aceita que se faça uso sexual de mulheres por um preço, que se pratique a violação paga", criticou.
Carracedo considera necessário ter uma lei específica contra a prostituição que deve girar em torno de três eixos "fundamentais": O primeiro, que é "uma preocupação" para o movimento abolicionista, é a proteção e reparação integral das vítimas de violência na prostituição, sem que esta reparação "esteja condicionada à ajuda ou participação no sistema de justiça criminal".
A segunda linha geral é a "desativação do proxenetismo" e, a terceira, a "desativação da procura".
Neste sentido, o PAP está de acordo com as políticas iniciadas pelo governo sueco, em 1999, que, segundo Carracedo, "incorporou a criminalização dos proxenetas", uma medida que, segundo a porta-voz, é "necessária" para transmitir a mensagem de que uma sociedade baseada na igualdade "não pode aceitar que os homens façam uso sexual das mulheres por um preço", uma vez que isto constitui "uma prática de poder e desigualdade".
Por seu lado, a antiga vice-presidente do Governo e atual deputada do PSOE no Congresso dos Deputados, Carmen Calvo, disse: "Não podemos continuar a falar de democracia com mulheres que são prostitutas, traficadas, sem direitos e marginalizadas".
Na sua opinião, "a ala direita" e os "reguladores" terão de dizer "para onde vão" e terão de "mostrar a cara" a 07 de junho, quando se realizar o debate no Congresso sobre o projeto de lei do PSOE que procura processar o proxenetismo em todas as suas formas e punir os homens que lucram com a prostituição com multas e penas de prisão, dependendo das circunstâncias.
"Não há nenhum argumento para manter as mulheres na escravatura. A prostituição é o passado da nossa discriminação; o futuro são os direitos dos cidadãos", disse.
Calvo também pediu ao Unidas Podemos, o parceiro do PSOE no Governo, para "compreender" que, com "120 lugares", este partido político tem de "estar de acordo com a realidade deste país", que é, na sua opinião, que "as mulheres deste país não querem apoiar bordéis ou aqueles que utilizam a prostituição".
Pela sua parte, a advogada trabalhista Cristina Almeida disse que é necessário "protestar", porque numa sociedade livre o feminismo deve "desempenhar um papel" que não pode ser determinado por "prostitutas e chauvinistas" e lamentou que "muitas pessoas no Governo" não sejam claras quanto à sua posição sobre a abolição da prostituição.
"Para mim, como mulher, penso que (a abolição) é um facto essencial. Nenhuma mulher nasce para ser prostituta", disse.
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