"Atitude de desprezo". Ex-ministro britânico pede demissão de Boris
Jeremy Wright receia que os acontecimentos investigados no escândalo 'Partygate' "tenham causado danos reais e duradouros" ao governo e instituições.
© Luke MacGregor/Bloomberg via Getty Images
Mundo Partygate
Jeremy Wright, ex-ministro e ex-procurador-geral do Reino Unido, pediu esta segunda-feira a demissão do primeiro-ministro, Boris Johnson. Em causa está o escândalo ‘Partygate’, que o atual deputado afirma ter causado “danos duradouros” ao governo e ao Partido Conservador.
Numa carta aberta publicada no seu site oficial, Wright acusa Boris Johnson de manifestar “na melhor das hipóteses uma atitude casual e na pior das hipóteses uma atitude de desprezo pelos sacrifícios” feitos durante a pandemia da Covid-19.
Sublinhe-se que o primeiro-ministro foi investigado pela Polícia Metropolitana de Londres e alvo de uma multa devido a festas realizadas em Downing Street, numa altura em que o Reino Unido se encontrava em confinamento para combater a propagação da pandemia.
Na semana passada, foram divulgadas fotografias de Boris Johnson a beber durante uma festa de despedida em honra de Lee Cain, ex-diretor de comunicações de Downing Street, em novembro de 2020. A festa foi investigada pelas autoridades, mas Boris foi notificado apenas por uma festa, realizada a 19 de junho de 2020.
Na ótica de Jeremy Wright, “o primeiro-ministro deveria ter encontrado outras formas de agradecer aos funcionários cessantes, como outros gestores de todo o país tiveram de fazer”.
O ex-ministro das Prisões, durante o mandato de David Cameron, receia ainda que “os acontecimentos tenham causado danos reais e duradouros não só à reputação deste governo, mas também às instituições e à autoridade do governo em geral”.
“Muitos dirão que se altos funcionários do governo não cumprem as regras, por que razão o deveriam fazer? Colocar esse direito é extremamente importante para a essência da autoridade do governo e para a eficácia da política governamental, e não vejo que a mudança de funcionários públicos ou pedidos de desculpas, por muito sentidas que sejam, o consigam fazer”, considerou.
“Parece-me agora que a permanência do primeiro-ministro no cargo irá dificultar esses objetivos cruciais. Por conseguinte, concluí, com pesar, que, para o bem deste e de futuros governos, o primeiro-ministro deveria demitir-se”, acrescentou.
Jeremy Wright junta-se à lista de parlamentares do Partido Conservador britânico, que governa o Reino Unido, que retiraram o apoio ao primeiro-ministro, na sequência da divulgação de um relatório sobre as festas realizadas na pandemia.
É necessário que 54 deputados conservadores exijam formalmente uma moção de não confiança contra o primeiro-ministro, para que o processo possa avançar. Apenas Sir Graham Brady, presidente do Comité dos Conservadores de 1922, é a única pessoa que sabe o número total de cartas submetidas. Já uma contagem da Sky News estima que tenha sido 35 o número total de deputados a pedir a demissão de Boris Johnson.
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