Reino Unido. Primeiro voo vai partir para o Ruanda com sete migrantes
A ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, Liz Truss, garantiu hoje que o primeiro voo com migrantes ilegais para o Ruanda vai partir hoje, apesar de a organização Care4Calais ter revelado que só estão confirmados sete passageiros.
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Segundo a organização humanitária, advogados conseguiram impedir a remoção de 30 dos migrantes inicialmente identificados para viajar para o país africano, onde o Governo britânico quer colocá-los enquanto avalia os pedidos de asilo.
Em declarações à BBC, a ministra prometeu que o voo vai partir como previsto, mesmo que esteja a bordo apenas um pequeno número de pessoas, descrevendo a medida como "uma parte fundamental" da estratégia do Governo de Londres "para combater os terríveis traficantes de pessoas que estão a fazer negócio com as esperanças e sonhos das pessoas".
Liz Truss disse que o executivo está preparado para "enfrentar" futuras ações judiciais e mostrou-se confiante de que o número de migrantes transportados para o Ruanda será "significativo" até ao final do ano.
O primeiro voo que transporta requerentes de asilo para capital ruandesa, Kigali, está previsto descolar hoje no âmbito de um plano do Governo britânico para desencorajar a chegada de pessoas em pequenas embarcações pelo canal da Mancha.
Na segunda-feira um tribunal britânico rejeitou hoje uma providência cautelar para impedir o primeiro voo, mas uma avaliação mais ampla à política do Governo será feita pelos tribunais britânicos em julho.
A organização Care4Calais disse que mais de uma centena de migrantes ilegais no Reino Unido receberam a informação de que seriam transportados para o Ruanda.
Entretanto, os líderes da Igreja de Inglaterra condenaram hoje o plano do governo, o qual qualificaram como uma "política imoral que envergonha o Reino Unido" - com o primeiro voo previsto para partir hoje.
Os arcebispos da Cantuária, Justin Welby, e de York, Stephen Cottrell, e outros 23 bispos publicaram uma carta no jornal The Times onde lamentam não ter sido feito mais para "compreender a situação difícil" das pessoas afetadas.
"Quer o primeiro voo de deportação saia ou não do Reino Unido hoje para o Ruanda, esta política deveria envergonhar-nos enquanto nação. A vergonha é nossa, porque a nossa herança cristã deveria inspirar-nos a tratar os requerentes de asilo com compaixão e justiça, como temos feito durante séculos", escreveram.
A medida do Governo de Boris Johnson também tem sido criticada por organismos internacionais e organizações não-governamentais (ONG) de defesa dos direitos humanos.
Esta segunda-feira, o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que a deportação de requerentes de asilo do Reino Unido para o Ruanda é um "erro" que poderá criar "precedentes catastróficos".
"É basicamente uma transferência de responsabilidades de um país com estruturas e recursos para outro, o Ruanda, que tem sido tradicionalmente hospitaleiro para os refugiados (...) mas não tem as estruturas para esta tarefa específica", disse o responsável.
Também a Amnistia Internacional voltou a criticar as autoridades britânicas, considerando que lhes "falta humanidade" face a um "vergonhoso abandono" de refugiados.
"Expulsar os requerentes de asilo para o Ruanda, um país com os seus próprios desafios em matéria de asilo e direitos humanos a enfrentar, é irresponsável, insensível e um desastre em curso", disse o diretor executivo da ONG no Reino Unido, Sacha Deshmukh.
Desde o início do ano, estima-se que cerca de 7.000 pessoas terão chegado à costa britânica após atravessar o Canal da Mancha a bordo de embarcações improvisadas, o triplo do balanço do ano passado no mesmo período.
Em 2021, ano marcado pela morte de 27 migrantes num naufrágio no final de novembro, mais de 28.500 pessoas completaram a travessia em 2021, o triplo das 8.466 em 2020, segundo o Ministério do Interior.
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