Representantes indígenas dizem que morte de jornalista não é ato isolado

Representantes indígenas ouvidos hoje no senado do Brasil denunciaram que os homicídios do jornalista britânico e do ativista brasileiro não foram atos isolados e resultam do aumento da criminalidade na Amazónia.

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Lusa
22/06/2022 22:34 ‧ 22/06/2022 por Lusa

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Amazónia

Em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) e da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte, o presidente do Indigenistas Associados (INA), Fernando Vianna, de acordo com a agência Senado, afirmou que "há todo um quadro de invasão de pessoas que ingressam nas terras para atividades ilegais".

"Junto com os crimes ambientais mais costumeiros, como pesca e caça ilícitas, há articulações com forças do crime muito mais complexas, com conexões com o narcotráfico internacional e o comércio de arma", denunciou.

O líder indígena teceu duras críticas à atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) durante o processo, que, segundo o próprio, "tem uma diretoria comprometida não com direitos indígenas, mas com interesses económicos e de setores que disputam a posse de terras e querem se apoderar de recursos naturais".

O coordenador-geral substituto de Índios Isolados e Recém-Contactados da Fundação Nacional do Índio (Funai), Geovanio Oitaia Pantoja, apesar de se encontrar em Brasília, participou na reunião, mas de forma remota, o que irritou alguns senadores.

Um deles, o presidente da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte, Randolfe Rodrigues, chegou mesmo a afirmar: "Ele está aqui em Brasília falando connosco por via remota. O senhor estar falando daqui é um desrespeito a essa comissão."

Os corpos de Bruno Pereira e Dom Phillips foram encontrados uma semana depois de ter sido dado a conhecer o desaparecimento, em 05 de junho, na região do Vale do Javari, uma das maiores terras indígenas do Brasil, localizada no extremo oeste do estado do Amazonas. Na sexta-feira, foi confirmada a identidade dos restos mortais.

No âmbito das investigações, a Polícia Federal explicou que os principais suspeitos agiram sozinhos, afastando assim a possibilidade de um "autor intelectual ou organização criminosa por trás do crime".

No entanto, o caso continua em aberto e as autoridades não descartam a possibilidade de prenderem mais pessoas.

A área em que o ativista e o jornalista desapareceram é conhecida por ser uma das mais inacessíveis da região, abrigando a maior concentração de povos indígenas isolados, mas sendo também palco de uma das maiores rotas de droga do Peru, com destino à Europa, como outras matérias-primas extraídas ilegalmente na Amazónia, como madeira e ouro.

Leia Também: Metsola evoca jornalista e ativista assassinados na floresta da Amazónia

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