Mesmo antes do início da manifestação, a polícia de choque interveio nos cafés e nas ruas do bairro de Chihangir ao redor da icónica Praça Taksim, detendo as pessoas que lá estavam, constatou a AFP no local.
De acordo com a contagem dos organizadores da marcha, cerca de 200 pessoas no total foram detidas em vários momentos.
Alguns, incluindo o fotógrafo da AFP Bülent Kilic, foram libertados pouco antes das 23:00 (21:00 de Lisboa), mais de seis horas após a sua detenção. No entanto, a maioria ainda continuava detida, de acordo com os organizadores da marcha e a associação de defesa dos direitos LGBTQ+ Kaos LG.
Doze pessoas também foram presas na cidade de Izmir (oeste), segundo a Kaos LG.
Como todos os anos desde 2015, a Marcha do Orgulho foi proibida pelo governador da cidade, mas centenas de manifestantes com bandeiras arco-íris reuniram-se nas ruas adjacentes à Praça Taksim, que está completamente fechada ao público.
Desde o desfile de 2014, que juntou mais de 100.000 pessoas em Istambul, as autoridades turcas têm vindo progressivamente a proibir a Marcha do Orgulho, argumentando razões de segurança.
Na sexta-feira, a comissária europeia para os Direitos Humanos no Conselho da Europa, Dunja Mijatovic, apelou "às autoridades de Istambul a levantar a interdição em vigor na Marcha do Orgulho e garantir a segurança dos manifestantes pacíficos".
Os direitos humanos das "pessoas LGBT na Turquia devem ser protegidos", acrescentou, pedindo o "fim" desse "estigma".
A homossexualidade, descriminalizada na Turquia desde meados do século XIX (1858), não é proibida, mas permanece amplamente sujeita ao opróbrio social e à hostilidade do partido conservador islâmico no poder, o AKP, e do governo do Presidente, Recep Tayyip Erdogan.
Um ministro chamou, certa vez, os homossexuais de "loucos".
Em 2020, a plataforma Netflix foi obrigada a desistir da produção de uma série na Turquia por apresentar um personagem 'gay' e não ter obtido luz verde das autoridades.
No mesmo ano, a marca francesa de equipamentos e vestuário desportivo Decathlon foi alvo de apelos de boicote na Turquia por ter veiculado mensagens de apoio às comunidades LGBTQ+ nas suas campanhas.
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