Qualquer tentativa de aproximação da NATO à Crimeia poderá resultar numa declaração de guerra por parte da Rússia, alertou o antigo presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, na segunda-feira.
“Para nós, a Crimeia é parte da Rússia. E isso significa para sempre. Qualquer tentativa de invadir a Crimeia é uma declaração de guerra contra o nosso país", referiu o responsável, em entrevista ao jornal russo Argumenty i Fakty.
Na sua ótica, essa ação resultaria num “conflito com toda a Aliança do Atlântico Norte”.
“Terceira Guerra Mundial. Desastre total”, lançou, ressalvando, nessa linha, que a entrada da Ucrânia na NATO seria “muito perigosa” para a Rússia, devido às “disputas territoriais não resolvidas”.
Ainda assim, Medvedev adiantou que a adesão da Suécia e da Finlândia à NATO não apresentaria nenhuma nova ameaça, uma vez que esses países mantêm relações com a Rússia “bastante respeitosas e mutuamente benevolentes”.
“Não temos e não se espera que tenhamos disputas territoriais com esses países, nem mesmo razões para isso. Se se sentirem melhor e mais calmos juntando-se a uma aliança, boa sorte. A NATO já está perto do nosso país, sem a Suécia e a Finlândia”, justificou.
Apontou, contudo, que a Federação Russa estará “pronta para medidas de retaliação”, particularmente no que toca o reforço da proteção das suas fronteiras com mísseis de curto alcance 9K720 Iskander e navios de guerra com armas nucleares.
“Como mostra a experiência anterior, a escalada de tensão nas relações com a Rússia é algo sem sentido e que sai caro”, rematou.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 15 milhões de pessoas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 7,5 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além disso, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.
A ONU confirmou ainda que mais de quatro mil civis morreram e mais de cinco mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
A invasão russa - justificada pelo presidente russo pela necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores.
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