"Digo isto ao mundo: a Índia vai identificar, perseguir e punir os terroristas e aqueles que os apoiam. Vamos persegui-los até aos confins da Terra", garantiu Modi na sua primeira resposta pública ao ataque.
Na tarde de terça-feira, pelo menos três homens armados abriram fogo contra turistas na cidade de Pahalgam, no sopé dos Himalaias, matando 25 indianos e um nepalês, segundo a polícia indiana.
O ataque, que a Índia atribui a islamitas apoiados pelo Paquistão, é o mais mortífero contra civis desde 2000 naquele território indiano de maioria muçulmana.
Na quarta-feira, o Governo hindu ultranacionalista de Nova Deli anunciou uma série de medidas diplomáticas de retaliação.
Entre as decisões, que são sobretudo simbólicas, estão a suspensão de um tratado de partilha de águas, o encerramento da principal fronteira terrestre entre os dois países e a retirada de diplomatas.
O Paquistão, que negou responsabilidade pelo ataque, convocou o seu Comité de Segurança Nacional para esta tarde para decidir sobre uma possível resposta.
Tradicionalmente, este comité, que reúne os mais altos dirigentes civis e militares do país, só é convocado em casos de emergência.
Nas declarações de hoje, Modi ameaçou todos os responsáveis pelo ataque com as "mais severas represálias", embora sem acusar ninguém formalmente.
"Digo-o inequivocamente: aqueles que realizaram este ataque e aqueles que o planearam pagarão um preço para além da sua imaginação", sublinhou num discurso feito em Bihar, um estado no nordeste do país.
"É tempo de incendiar o pequeno território ainda controlado por estes terroristas", insistiu, acrescentando que "a força e a vontade dos 1,4 mil milhões de indianos vão quebrar a espinha dorsal destes terroristas".
"O terrorismo não ficará impune", concluiu o primeiro-ministro indiano em inglês.
Na quarta-feira, o seu ministro da Defesa, Rajnath Singh, também ameaçou com represálias contra "aqueles que organizaram [o atentado] em segredo", visando implicitamente o Paquistão.
Muitos especialistas antecipam uma resposta militar de Nova Deli, como aconteceu em 2019 após um ataque mortal contra um comboio de soldados indianos.
"Este ataque fará com que as relações entre os dois países regressem ao seu momento mais negro", considerou o analista Praveen Donthi, do International Crisis Group (ICG), citado pela agência de notícias francesa AFP.
O tiroteio em Pahalgam ainda não foi reivindicado.
A polícia divulgou retratos falados de três suspeitos, incluindo dois cidadãos paquistaneses, descrevendo-os como membros do grupo islâmico Lashkar-e-Taibad (LeT), sediado no Paquistão.
Este grupo é suspeito dos ataques 'jihadistas' na cidade indiana de Bombaim de novembro de 2008, que fizeram 166 mortos.
A polícia ofereceu ainda uma recompensa de dois milhões de rupias (mais de 20 mil euros) por informações que levassem à captura dos atacantes.
Caxemira foi dividida entre a Índia e o Paquistão em 1947, quando ambos os países conquistaram a independência e, desde então, ambos exigem soberania sobre todo o território.
Desde 1989, os combates entre a insurgência separatista e as tropas indianas fizeram dezenas de milhares de mortos na região.
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