Capitólio. Trump tentou agredir agente que recusou levá-lo para invasão

A antiga assessora da Casa Branca contou vários detalhes sobre as reações violentas do antigo presidente, durante a tentativa de impedir a certificação do resultado das eleições.

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Hélio Carvalho
28/06/2022 21:47 ‧ 28/06/2022 por Hélio Carvalho

Mundo

Ataque ao Capitólio

As revelações desta terça-feira pela antiga assessora da Casa Branca, Cassidy Hutchinson, sobre a conduta de Donald Trump no dia do ataque ao Capitólio, chocaram a política americana. Um dos principais detalhes sobre o antigo presidente terá sido a sua reação violenta contra os próprios serviços secretos, nesse dia 6 de janeiro de 2021, quando tentou agredir um agente dos Serviços Secretos.

Testemunhando perante o comité da Câmara de Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio, Hutchinson, que trabalhou para o secretário do presidente e tinha um acesso muito próximo aos principais acontecimentos do dia da invasão, contou que Trump tentou agarrar no volante da limusine presidencial quando soube que não podia marchar com os seus apoiantes.

Segundo a assessora, Trump - que nesse dia já desvalorizara a presença de apoiantes seus armados e que incitara, ainda assim, que estes se dirigissem ao Capitólio - terá ficado "irado" quando os Serviços Secretos o informaram que não era seguro que este se dirigisse para o Capitólio.

O relato surgiu a partir de Tony Ornato, vice-secretário da Casa Branca, que, por sua vez, soube através de um agente dos Serviços Secretos, Robert Engel, que Trump repetidamente disse para o conduzirem ao Capitólio depois do seu discurso.

"Sou o raio do presidente! Levem-me ao Capitólio agora", terá gritado o antigo líder norte-americano.  O agente que estava com o presidente ter-lhe-á negado de novo essa hipótese: "Senhor presidente, temos que regressar à Ala Oeste [da Casa Branca]".

Foi nesta altura que, de acordo com o relato de Hutchinson, Trump tentou agarrar o volante a partir dos bancos de trás do veículo. "Senhor presidente, tire a mão do volante. Vamos regressar à Ala Oeste, não vamos para o Capitólio", repetiu o agente dos Serviços Secretos, agarrando na mão do presidente. Foi nesta altura que Trump tentou atacar o agente, tentando alcançar o seu pescoço com a outra mão.

Esta terá sido uma de muitas reações agressivas de Donald Trump ao assistir aos eventos e ao perceber que a tentativa de anular o resultado das eleições presidenciais não teria sucesso.

Cerca de um mês antes, o então procurador-geral dos Estados Unidos e um dos principais aliados do presidente, Bill Barr, admitiu que não havia provas de fraude eleitoral, reiterando o que todas as entidades eleitorais oficiais tinham já dito.

Ao ver a entrevista que Barr deu à Associated Press, Trump terá atirado um prato contra a parede. "Saí do escritório e fui à sala de jantar, e reparei que a porta tinha sido aberta e que o empregado estava a mudar a toalha da mesa. Ele acenou-me e apontou para a frente do quarto, perto da lareira e onde estava a televisão, onde reparei no ketchup a pingar da parede e um prato partido no chão", contou Hutchinson.

Além disso, já no dia da invasão pelos seus apoiantes ao edifício do Congresso - um ataque que matou cinco pessoas e feriu dezenas de polícias -, quando soube que o público estava a cantar para que o vice-presidente, Mike Pence, fosse enforcado por cumprir o seu papel e certificar o resultado, Trump terá 'aprovado' a ideia.

"Eu lembro-me do Pat [Cipollone, conselheiro da Casa Branca] algo ao Mark [Meadows, o secretário de Trump] que eles estavam literalmente a gritar para que o vice-presidente fosse enforcado. E o Mark disse algo como 'ele acha que o Mike merece, ele não acha que eles estejam a fazer nada de errado'", acrescentou a assessora.

O comité da Câmara de Representantes que está a investigar o ataque ao Capitólio reuniu-se quase de surpresa esta terça-feira, para continuar a demonstrar os detalhes em torno da organização do comício de Trump, e como o antigo presidente tentou reverter o resultado das eleições e ameaçou a integridade da democracia norte-americana.

A investigação dura há quase um ano e, apesar de não ter um propósito judicial, o Departamento de Estado poderá optar por processar o antigo presidente e os vários envolventes da sua administração no evento.

Leia Também: Donald Trump sabia que atacantes do Capitólio estavam armados

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