As projeções conjuntas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na abreviatura em inglês) e da OCDE apontam para um cenário desastroso devido à guerra na Ucrânia, prevendo-se que milhões de pessoas fiquem em risco de malnutrição por causa da subida do preço dos cereais.
Segundo as organizações, estima-se que os preços dos cereais a nível global continuem a aumentar até 2023, devido à guerra que travou as exportações de cereais a partir da Ucrânia, que é um dos maiores produtores do mundo. A Rússia e a Ucrânia representam, respetivamente, 20% e 10% das vendas mundiais de cereais, mas a invasão russa e o domínio no mar Negro tem limitado a passagem de produtos.
Em concreto, a FAO e a OCDE preveem, num relatório citado pela agência Reuters, que na época de 2022/2023 (que se inicia a 1 de julho no hemisfério Norte) o preço dos cereais a nível global aumente para 19% dos valores pré-guerra, caso a Ucrânia perca a sua capacidade de exportação.
Este valor pode aumentar até 34% dos preços pré-guerra se as próprias exportações da Rússia caírem para metade.
"Com a segurança alimentar já sobre pressão, as consequências podem ser severas, especialmente para os mais vulneráveis", disse no relatório o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, na apresentação das previsões.
A incapacidade de exportação via Mar Negro pela Ucrânia, devido aos bloqueios nos seus portos por navios russos, já são alvo de preocupação para a Comissão Europeia, que apontou que cerca de 20 milhões de toneladas de grãos têm de sair da Ucrânia até ao final de julho para impedir escassez de alimentos no continente africano, e para permitir o armazenamento de futuras colheitas.
Agora, a OCDE e a FAO alertam que, caso as exportações russas também seja afetadas, a malnutrição pode aumentar 1% em todo o mundo na época de 2022/2023, o que implica que entre 8 e 13 milhões de pessoas sofrerão de malnutrição devido à redução na quantidade de cereais disponível.
E, prevendo-se um deterioramento da situação caso a guerra se prolongue, até à temporada de 2023/2024, os índices de malnutrição global poderão aumentar ainda mais para cerca de 19 milhões de pessoas nesse ano.
No relatório da FAO e da OCDE, citado pela agência Reuters, é dito que a exportação de grãos a partir da Ucrânia está apenas a 20% do que é suposto, através de canais alternativos como os caminhos-de-ferro e os transportes rodoviários, mas esta forma de exportação não é tão eficiente como a via marítima.
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